Entre os políticos do Piauí beneficiados com dinheiro da JBS, conforme lista entregue pelo delator Ricardo Saud à Procuradoria-Geral da República, está a ex-vereadora Maria Rosalina dos Santos (PT), a Maria do Povo, da cidade de Queimada Nova. A campanha dela recebeu R$ 3.179 oriundos da empresa em 2014, quando ela disputou uma vaga de deputado estadual.

Negra e quilombola, Maria do Povo tem um histórico de lutas em defesa de causas sociais e das comunidades remanescentes de quilombo na região de Queimada Nova. É óbvio que uma pessoa como ela, de uma cidade embrenhada no meio da caatinga, não possui nenhuma relação com executivos da JBS. É preciso reconhecer que o dinheiro foi repassado pelo diretório estadual do partido, já vindo da direção nacional, e ela, obviamente, não sabia se a origem era lícita ou ilícita.

Tenho dito que falar a favor de políticos atualmente não está nada fácil, mas é preciso sermos sensatos e agirmos dentro da razoabilidade. Nomes que aparecem em listas nem sempre podem ser considerados culpados ou execrados pela opinião pública [apesar de muitos serem culpados sim]. 

Uma pessoa como a quilombola Maria do Povo talvez nunca tenha sonhado que usara dinheiro da JBS recebido pelo seu partido a nível nacional, sendo ele, repito, adquirido de forma lícita ou ilícita. Quando disputou a eleição para deputada estadual em 2014, ela teve 3.356 votos e não se elegeu.