A ESCASSEZ DAS OPOSIÇÕES

Na Alepi, Robert se mantém como opositor (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Nas últimas semanas a Câmara Municipal de Teresina e a Assembleia Legislativa do Piauí protagonizaram episódios vexatórios. A oposição existente nas duas casas legislativas não conseguiu aprovar meros requerimentos, proposições que, na maioria das vezes, são consideradas simples e cujas aprovações ocorrem até mesmo por cortesia dos parlamentares com o autor do pedido.

No entanto, as esmagadoras maiorias impostas pelo Executivo nos dois parlamentos tem rebaixado às oposições a um nível crítico, com orientação de bancada governista para derrubar qualquer mero pedido ou solicitação advinda de um opositor. É como se o político que marcha nas trincheiras da oposição não fosse representante do povo, mas sim um algoz da administração a que ele se opõe.

Na Câmara de Teresina, Edilberto Borges, o Dudu (PT), carrega praticamente sozinho o peso de fazer oposição a um prefeito que possui o apoio de 26 parlamentares de um total de 29 eleitos pelo povo teresinense. Outros dois também se colocam como oposição [Deolindo Moura (PT) e Cida Santiago (PHS)], mas esses longe da postura combativa que costuma caracterizar um opositor de verdade.

Na Câmara, Dudu carrega oposição nas costas (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Lá, um requerimento que pedia apenas informações da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) sobre a suposta dívida da prefeitura de Teresina com o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Setut) foi rejeitado com veemência a pedido da liderança do prefeito. Outra convocação, que pedia a presença do secretário de Saúde Silvio Mendes para discutir temas da área, também foi mandado para o ralo.

Na Assembleia, Robert Rios (PDT) é quem carrega o maior fardo da oposição em suas costas, sendo praticamente o único a reverberar, pelo menos no discurso por vezes exagerado, as falhas da administração estadual. É preciso reconhecer que Marden Menezes (PSDB), Firmino Paulo (PSDB), Luciano Nunes (PSDB), Ruben Martins (PSB) e Gustavo Neiva (PSB) também são opositores, mas bem menos zuadentos que o parlamentar do PDT.

No mês passado, Marden apresentou um requerimento solicitando audiência pública apenas para discutir a situação das rodoviárias do Piauí, mas seu pedido foi rejeitado pela maioria que se alinha ao governo estadual. Os deputados governistas acharam desnecessário discutir o tema, talvez porque não andam de ônibus e nem tampouco usam as rodoviárias piauienses. Foi mais um pedido que desceu pelo ralo.

Tucano, Marden viu requerimento ir pro brejo (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

É óbvio que não basta termos apenas uma oposição de discurso e que vez ou outra ecoa verborreias nas tribunas do Parlamento. Mas é certo que a figura do opositor, sobretudo o responsável, é necessária e importante em qualquer democracia. Nos últimos anos, o que temos visto no Piauí são políticos que não têm coragem de fazer oposição a nenhum governo e que preferem sempre o colo do poder. Berram nos palanques contra os adversários na época das campanhas, mas não dizem um pio contra prefeito ou governador eleitos e empossados.

Vivenciamos uma fase onde todos querem o conforto palaciano, custe o que custar, mesmo que seja preciso abdicar da vergonha na cara. Muitas figuras que se dizem defensoras do povo são colocadas na oposição pelo voto popular, mas três meses depois tomam posse como aliadas dos governos. Como resultado, vemos Parlamentos onde pouco se questiona e quase tudo se aprova, exceto, óbvio, certos pedidos da oposição.

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