No caminho de tentar viabilizar seu nome para disputar o Governo do Estado em 2022, Rafael Fonteles passou a nomear lideranças do interior -- gente derrotada ou no ostracismo -- como "diretores" e "coordenadores" do PROPiauí. Essa pré-campanha disfarçada de programa estadual de desenvolvimento poderia ser uma estratégia bem sucedida de disseminação da imagem do secretário de Fazenda pelo interior. Mas ao invés de associá-lo uma expectativa de gestão eficiente, está marcando o petista om o carimbo da corrupção e do descaso.
CORRUPÇÃO
Um exemplo disso foi a nomeação do ex-prefeito Gil Carlos como coordenador do PROPiauí. Se Rafael pensou que iria entrar num elevador com Gil Carlos e subir nas pesquisas ou na avaliação que as pessoas tem de sua imagem, não foi a decisão mais prudente.
Gil Carlos é um dos nomes que a Polícia Federal tem na mira da Operação Topique, a investigação que desbaratou o esquema de desvios de recursos públicos da Educação por meio de contratos de aluguel de veículos. Em breve o Piauí deve ser palco de uma nova fase da operação, desta vez focada nos contratos municipais e responsabilizando ex-prefeitos, como é o caso de Gil, que em manchetes vai deixar de ser chamado de "ex-prefeito" para ser identificado como "diretor do PROPiauí". Olha o tamanho da bronca!
DESCASO
A estratégia do PROPiauí era transformar Rafael Fonteles numa espécie de Tarcísio de Freitas, ministro de Infraestrtutura do governo Bolsonaro que já ganhou até apelido de "Padroeiro do Asfalto" e "Santo das Estradas", tipo de exagero que bolsonaristas adoram compartilhar. Mas exageros à parte, Tarcísio talvez seja o único ministro do Governo Federal para o qual até petistas deveriam bater palmas. É um cara que, de tão técnico até no discurso, se posicionou fora da bolha política. Mas Tarcísio só conseguiu isso afastando do seu entorno políticos como Gil Carlos.
Há duas semanas, o Política Dinâmica mostrou uma obra de saneamento em São João do Piauí que ao invés de melhorar a vida das pessoas, levou dejetos para dentro das casas do bairro Barro Vermelho. A gestão que Gil Carlos fez com o dinheiro da obra transformou uma parte do bairro no que é conhecido como "Lagoa da Bost*" no período chuvoso.
Os recursos empregados ali eram federais, oriundos de um programa de financiamento de obras de infraestrututura da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), do Ministério da Saúde.
Segundo o deputado estadual Henrique Pires (MDB), que à época era presidente da FUNASA, a obra em São João do Piauí orçada em R$ 10,6 milhões tinha recursos absolutamente garantidos. Questionado pelo Política Dinâmica sobre o motivo da obra não ter sido entregue até hoje, 5 anos depois, Henrique Pires não deixou espaço para dúvidas. "Falta de gestão municipal", aponta.
Se observa marcante no histórico público de Gil Carlos essa tal falta de gestão municipal.
É possível observar isso quando, por exemplo, em Baixa Grande do Ribeiro, uma obra de abastecimento de água orçada em R$ 4,2 milhões foi assinada e executada 100% na gestão de Dilma Roussef (PT); ou ainda quando se olha para uma obra de saneamento com valor superior a R$ 20 milhões também já foi concluída no município de Barras. As duas iniciadas na mesma gestão do governo federal, por meio do mesmo programa da FUNASA, mas que tiveram sorte diferente na esfera exatamente da gestão municipal.
Que aliado pode defender essa situação?
Com racionalidade, nenhum.
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