COM DISTRITÃO, POLÍTICA PASSA A SER TERRENO DE CELEBRIDADES E MILIONÁRIOS, AFIRMA ASSIS

Para Assis, proposta do distritão visa “liquidar” partidos políticos (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Por Ananda Oliveira e Marcos Melo

Na madrugada da última quinta-feira (10), a comissão especial da reforma política na Câmara dos Deputados aprovou o “distritão”, além de aprovar dobrar o valor previsto de recursos públicos que serão usados para financiar campanhas eleitorais. Este seria o Fundo Especial de Financiamento da Democracia, orçado em R$ 3,6 bilhões.

A reportagem do Política Dinâmica conversou, na manhã desta segunda-feira (14), com o deputado federal Assis Carvalho (PT) sobre essa conjuntura. O debate é acirrado e, se aprovada, a reforma mudará o rumo das eleições para os cargos de deputados e vereadores. Eles passarão a ser eleitos segundo a contagem de votos – como já ocorre com os senadores – e não pelo quociente eleitoral.

“A proposta apresentada é que a partir de 2022 seja instalado o modelo distrital misto, nisso você elege a metade das vagas federais em distritos e a outra metade em lista. E a partir de 2018 e 2020, fazendo a transição, tem uma proposta do Miro Teixeira [deputado da REDE] para ser aprovado o distritão”,

O petista é contra a proposta, uma unanimidade na bancada do PT na Câmara. “O distritão é um modelo de elitizar a política, excluir os movimentos sociais, excluir negro, LGBT. Você passa a ter uma política de celebridades, de milionários, porque você não precisa mais ter partido. É uma pessoa, ele é seu próprio partido”, contesta.

Para ele, a proposta objetiva ainda “liquidar” os partidos.

Assis explica que alguns pontos da reforma política entram em pauta ainda esta semana, como é o caso do calendário que altera o prazo de filiação, do afastamento de pessoas que tenham cargos e o período eleitoral. “Acredito que a partir desta quarta-feira a gente já inicie o debate, para na próxima semana votar a primeira parte”, assinala.

A REFORMA PASSA?
Questionado, Assis afirma que nem situação nem oposição podem ter a vitória como certa.

“É um projeto que está sendo muito debatido. Como são 308 votos, quórum qualificado, não dá pra ninguém cantar vitória. De nossa parte, nós estamos lutando para que eles não tenham 308 votos. Reconhecemos que eles têm maioria hoje por uma lógica de sobrevivência. Como a política está criminalizada, os parlamentares acham que fazendo o distritão vão salvar a sua pele”, declara.

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