APÓS APROVAÇÃO NA CCJ DO SENADO, ASSIS AFIRMA QUE PRESSÃO POPULAR SERÁ DETERMINANTE PARA NOVAS ELEIÇÕES DIRETAS

Assis: “eles querem dar o golpe dentro do golpe” (Foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)

Por Ananda Oliveira e Marcos Melo

Na tarde da quarta-feira (31) a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, por unanimidade, a PEC que determina a realização de novas eleições diretas após vacância dos cargos de presidente e vice-presidente da República, nos primeiros três anos de mandato. Antes, as eleições diretas só poderiam ser realizadas nos dois primeiros anos; após isso, a decisão seria feita por meio de eleições indiretas.

O acontecimento movimenta mais uma vez o cenário político nacional e aponta para um destino incerto, apesar da suposta força renovadora que parece chegar ao Congresso Nacional. Há duas questões principais: primeiro, se a medida teria aplicação imediata; e em segundo lugar, se passaria nos plenários do Senado e da Câmara dos Deputados. As duas casas são presididas por aliados do presidente Michel Temer (PMDB).

Em entrevista ao Política Dinâmica, o deputado federal Assis Carvalho (PT) comentou a fragilidade desta decisão ao mesmo tempo que ela surge pela demanda popular.

“Quanto mais se aproxima as eleições, o parlamentar fica tenso em ficar contra o grito das ruas. (...) Há uma tendência forte que esse projeto possa ser aprovado tanto no Senado quanto na Câmara, agora isso depende da força de povo. Se o povo exigir, aprova. Se não exigir, eles querem dar o segundo golpe, que é o golpe dentro do golpe. Eleger novamente alguém dentro do seu clube de interesses, deixando toda a sociedade de fora dos seus projetos”, declarou o parlamentar.

De fato, a aprovação é uma vitória para aqueles que querem a convocação de eleições diretas caso Temer saia da presidência, o que segundo uma pesquisa divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo e o site da revista Valor Econômico representa mais de 90% da população. O levantamento ouviu 2.022 pessoas em todo o país, de 25 a 29 de maio.

Políticos petistas comemoraram ontem a ação e neste momento acabam se colocando como os grandes interessados, já que o partido é a maior força de oposição ao governo Temer e pleiteia a possibilidade de lançar a candidatura do ex-presidente Lula em 2018. Caso as diretas sejam aprovadas, há uma antecipação dessa vontade.

Segundo informações da assessoria do PT, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), relator da PEC, afirmou que a aprovação “é uma vitória gigantesca”. Para ele, o movimento “Diretas Já” sai “imensamente fortalecido”.

A BASE ENCOLHE

O encolhimento da base do governo Temer é um ponto crucial para a forma como a matérias está sendo conduzida no Senado. Para o deputado Assis Carvalho, é uma questão de pressão popular a partir de agora.

“A oposição ao governo está aumentando, é claro. Na sociedade já é mais de 90% e aqui no parlamento todo dia os partidos menores se afastando e os maiores estão envergonhados. O governo está caindo em isolamento cada vez mais e até por conta disso é possível que a saída seja a voz das ruas”, disse.

A reportagem não conseguiu contato com os senadores piauienses para comentar o fato.

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