CORRUPÇÃO? FMS SOB SUSPEITA

Virou esculhambação. E logo na Saúde, onde a Prefeitura Municipal de Teresina gasta mais de um terço de todo o seu orçamento. 

Quando Doutor Pessoa (MDB) iniciou sua gestão, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) mantinha um contrato de fornecimento de serviços de exames laboratoriais com a empresa Labinbraz Comercial LTDA. O contrato 106/2018 teve origem numa licitação ampla com concorrência nacional, realizada em 2017 e tinha validade assegurada até o mês de abril de 2022.

Infectado: após passagem pelo HGV (do Estado), Gilberto Albuquerque teria voltado para a PMT com "modelo de gestão governista", um péssimo hábito de gestão, segundo piada que circula nos bastidores (foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)

Mas a gestão de Pessoa bagunçou a FMS.

O prefeito médico está dizendo a que veio. 

AMIZADE, POLÍTICA E SOBREPREÇO

Cota pessoal do prefeito – e que contempla o deputado estadual Pablo Santos, também do MDB – o atual presidente da FMS, Gilberto Albuquerque cancelou esse contrato. E contratou outra empresa, a Ortho Clinical Diagnostics do Brasil Produtos para Saúde LTDA.

A contratação repentina não deu publicidade aos motivos que levaram a troca de contratos e também não justificou escolha da nova gestão da FMS (imagem: reprodução)

A nova fornecedora é uma empresa que oferece menos exames, é mais lenta na oferta de resultados e cobra mais caro. Bem mais caro. Sem licitação, aliás.

O contrato anterior (106/2018), licitado com a Labinbraz – braço comercial da multinacional Wiener Lab. – era de R$ 3 milhões de reais. O novo contrato, sem licitação, é de R$ 3,6 milhões, ou seja, R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais) de diferença para ter menos exames, esperando um tempo maior pelos resultados

Como é prevista a possibilidade de que ele se estenda por 5 anos, a soma total é de R$ 3 milhões a mais. Considerando que esse é o valor do contrato antigo e que ainda estava valendo, é como se Doutor Pessoa jogasse um ano inteiro de exames no lixo e, ainda assim, pagasse por eles

INFORMAÇÃO DE DENTRO, DENÚNCIA DE FORA

A informação sobre essa bomba que está prestes a estourar no colo do prefeito veio de fonte ligada ao gabinete do vice-prefeito, Robert Rios (PSB). Segundo a fonte, Robert já desconfia “da cara de bom moço” de Gilberto Albuquerque há meses, mas tem evitado confronto por conta da amizade entre o presidente da FMS e o prefeito de Teresina, ambos médicos.

Prefeito e médico, Pessoa não sabe o que está acontecendo na Saúde... ou finge que não sabe? (foto: Jailson Soares | PD)

Outra questão: a diretora-geral da FMS, Lilibeth Sales Carvalho, também é amiga da primeira-dama Samara Conceição (que o prefeito Doutor Pessoa já chegou a chamar de Samantha), já conhecida por ser "perseguidora", inclusive nas redes sociais.

“Fica complicado [para fazer algo a respeito das denúncias], o ‘véi’ já não é fácil. E Aquela mulher dele gosta de se meter, de mandar, de comprar briga sem nem saber de nada, imagine com amiga dela pelo meio. Por isso é bom vir de fora”, alegou a fonte, que revelou um comentário em tom de piada já está circulando nos bastidores. “Foi só o Gilbertinho fazer um estágio no Governo [do Estado], que já veio pra PMT dar aula [de malandragem]”, citou.

Samara e Pessoa: gestores da FMS são amigos pessoais do casal e servidores que desconfiam de corrupção têm medo de denunciar e sofrerem retaliação (foto: Jailson Soares | PD)

A “brincadeira” que circula nos bastidores se refere ao fato de que Gilberto Albuquerque era dos quadros da PMT até o ano de 2019 (passou quase uma década no comando do Hospital de Urgências de Teresina), até que foi convidado pelo deputado Pablo Santos para assumir a gestão do Hospital Getúlio Vargas. De lá, retornou a convite de Pessoa para a FMS, mas, agora, estaria utilizando o “modelo de gestão” do qual se tem mais notícia dentro do governo estadual.

A Fundação Hospitalar (FEPISERH), à qual é subordinada o HGV, é alvo de investigação da Polícia Federal, exatamente por suspeitas de contratos direcionados e sobrepreço em compras relacionadas ao combate à pandemia de Covid-19. E nesse tempo, Gilberto Albuquerque estava por lá.

O Política Dinâmica entrou em contato com a PMT, mas a Comunicação da Prefeitura, subordinada à Secretaria de Finanças, não quis se manifestar.

A SUSPEITA EXISTE, MAS ESTÃO DEIXANDO ROLAR...

Em contato direto do PD com o vice-prefeito Robert Rios (que também é secretário de Finanças), ele foi questionado sobre ter ou não conhecimento ou suspeitas de corrupção na FMS.

Nos bastidores, se comenta que Robert há muito tempo quer Gilberto fora da FMS, tal qual queria Adolfo Nunes fora da Secretaria de Governo (foto: Jailson Soares | PD)

A respeito de contratos firmados por dispensa de licitação, citando um contexto genérico, disse que “esse tipo de contrato tem respaldo legal quando o caso está diante de urgência ou emergência e, ainda sob decreto de calamidade. É um tipo de contrato de tempo curto enquanto se faz a licitação que é forma normal de subsidiar contratos”. Tempo curto, não é o caso específico: o contrato denunciado é de até 5 anos, como já foi dito anteriormente.

Posteriormente, enviou ao PD um fragmento de um texto (não é possível identificar de que trata o documento em sua totalidade) no qual consta como justificativa para a troca de fornecedor o "princípio de eficiência na administração pública".

Já sobre a FMS e a gestão de Gilberto Albuquerque, Rios alega que Doutor Pessoa mandou fazer auditoria em toda a PMT, a começar pela Fundação e que o resultado estará disponível “em no máximo dez dias”, o que faz até os menos atenciosos entenderem que a situação por lá já chama atenção há algum tempo.  

Não foi possível o contato com a Ortho Clinical, com Gilberto Albuquerque e Lilibeth Sales, mas o espaço está aberto para manifestações.

A assessoria jurídica da FMS não quis comentar o caso.

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