“OAB DE FAZ DE CONTA”

por Maura Vitória e Marcos Melo

Mudanças requerem coragem, disposição e vontade de realizar. A juventude, em essência, é permeada por estes princípios. E centenas de jovens advogados piauienses, cansados de esperar uma atitude proativa da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Piauí, se apegaram a essa idéia e colocaram as mãos na massa. Criticando o comando da Ordem por escritórios milionários, debatendo problemas e sugerindo soluções, eles podem estar mudando [para melhor] o futuro da advocacia no estado.

A Comissão Independente de Advogados tem uma sigla que parece coisa de governo americano, mas na verdade representa um desafio bem brasileiro: o de superar os interesses políticos de um pequeno grupo para chegar a um bem coletivo. Pelo menos é o que dizem os advogados Rodrigo Castelo Branco, Pedro Costa, Thiago Ibiapina, Diego Almeida e Lucimar Santos, que estiveram na sede do Política Dinâmica para falar sobre o assunto e divulgar suas bandeiras de luta.

Oadvogado Thiago Ibiapina afirma que há muitas demandas que a OAB tem se furtado de cobrar em favor dos advogados (foto: Marcos Melo / PoliticaDinicamica.com)

A comissão que é formada por quase 300 militantes, nesta quinta feira (14), junto a OAB-PI e o Tribunal de Justiça (TJ), o segundo ofício de reivindicações, baseado na ineficiência dos Juizados Especiais em todo o Piauí. As medidas solicitadas são de caráter emergencial e o Tribunal tem, segundo eles, todas as condições possíveis para discutir e resolver o que está em questão. No vídeo a seguir, o advogado Thiago Ibiapina fala mais sobre o tema, lamentando que processos demoram anos para ser julgados na Turma Recursal (a segunda instância) do Judiciário piauiense.

Para a CIA, o TJPI, sem custo relevante, poderia simplesmente remanejar dois ou três juízes que hoje estão assessorando gabinetes de desembargadores e a presidência do Tribunal, dando fim à espera de dois, três e até 5 anos para uma sentença. 

O advogado Diego Almeida aponta que açoes da OAB tem sido puramente "midiáticas", o que não deixa de ser promoção pessoal da diretoria

À OAB-PI caberia, neste momento, lutar por esta idéia e cobrar sua materialização. E, também, acompanhar mais de perto os abusos cometidos por magistrados, que, em muitos casos, apenas para cumprir metas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) extinguem processos “por qualquer besteira” sem análise do mérito. Os jovens advogados afirmam que a atual direção da Ordem não tem buscado, de verdade, romper com esse ciclo vicioso.

A OAB DE FAZ DE CONTA

A primeira pauta protocolada pela CIA recentemente, pedia mais transparência sobre a gestão da OAB-PI. Na visão desse grupo enorme de advogados, a instituição que deveria defender as prerrogativas dos seus filiados e participar ativamente dos grandes debates sociais parou de trabalhar para “tirar foto” e aparecer na TV.

O advogado Rodrigo Castelo Branco assegura que comissão independente não é "movimento eleitoreiro" (foto: Marcos Melo / PoliticaDinamica.com)

A Ordem, na visão do grupo, teria sido “fatiada” entre os maiores escritórios do Piauí e, enquanto trata dos seus próprios interesses utilizando a visibilidade e influência da entidade, estaria praticando “ilusionismo” com audiências públicas que não prosperam em resultados práticos.

No vídeo abaixo, o advogado Diego Almeida conta, da perspectiva deste grupo dito independente, como é enxergado o trabalho da atual direção da OAB-PI.

SE ESCONDENDO ATRÁS DAS ELEIÇÕES

Para os jovens advogados, a decepção com os atuais diretores da Ordem tem aumentado. E isso acontece na mesma proporção em que estes tentam atribuir as críticas à proximidade das eleições internas da OAB.

O advogado Pedro Costa alega que a direção da OAB trabalha desviando as críticas com acusações eleitoreiras (foto: Marcos Melo / PoliticaDinamica.com)

“É sem cabimento. A maioria das pessoas do grupo tem menos de 5 anos de filiação na OAB, o que impossibilita a participação em chapa. E quando se fala isso, é como se não ligassem para o mais importante: a defesa dos direitos dos advogados, que, na verdade, é o que nós reivindicamos e sugerimos”, conta o advogado Pedro Costa, ele mesmo, novo na profissão.

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