O que muda na eleição em Teresina com o impeachment de Dilma?

A partir da próxima segunda-feira, 18, se o cenário se puser do jeito que está sendo desenhado em nível nacional, uma nova variante entra como fator determinante no resultado da eleição municipal, em Teresina. Caso a Câmara Federal consiga aprovar a autorização do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o efeito dominó também vai derrubar por terra o valor de líderes locais e seu poder de barganha no enfrentamento ao atual prefeito da capital. E alçar outros a patamares elevados de valoração.

Com a saída recente dos últimos partidos da base de apoio do poder central, sobrando apenas PCdoB, PSOL, parte do PDT, um voto ou outro do PP e PSD; e o PT, lógico, os oposicionistas afirmam categoricamente desde ontem, 13, que já têm mais que os 342 votos necessários para derrubar o governo. Algumas apostas mais generosas preveem que o placar pró-impedimento supere a casa dos 380 parlamentares.

A postura de grandes nomes do governo é de uma admissibilidade velada da derrota. Resignados, preparam as estratégias para a batalha seguinte, no Senado. Enquanto isso, no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência, o trânsito intenso de tribunos clarifica que o ritual do beija mão está consignando a provável mudança do comando no gerenciamento do poder executivo.

Firmino apostou certo?

Há mais de uma semana tornou-se pública a aliança para a provável chapa de reeleição na capital. PSDB e PMDB estão juntos e misturados. Firmino e Luís Júnior partem na frente, definindo a pré-candidatura. Um reflexo notável do encaminhamento das consequências dos fatos nacionais, reacomodando a cena política local com algum adiantamento. Alguém visualizou o horizonte como uma águia premonitória?

Firmino Filho e Luís Júnior

Temer assumindo a condução do país, o PMDB torna-se a noiva predileta em todas as composições. Os peemedebistas entram na condição de melhores aliados para a marcha em direção à vitória em Teresina. Tucanos devem ocupar o novo governo central com maior força e serão imprescindíveis para construir uma confortável governabilidade. Desenha-se na união das duas siglas a pedra fundamental do novo pacto governista. O ponto de convergência da nova força também foi pressentida para o enlace em Teresina?

Tudo leva a crer que sim. O pragmatismo de Firmino aliado aos estratagemas de Themístocles Filho compuseram a chapa lançando um olhar bem distante de arroubos futurológicos. Ao contrário, foi o mais puro faro das previsões dos comportamentos arquitetados pelos deuses e semideuses do Olimpo brasiliense. É a resultante da visão de raio x político, apurado com muitos anos de vivência na lida partidária. Talvez uma analogia com exame mais emblemático e eficiente, uma ressonância magnética que traz imagens para um diagnóstico perfeito da futura eleição.

O PT emplaca algum vice?

Se a presidente realmente for afastada para responder ao processo de impedimento no Senado, o valor do PT numa composição de chapa oposicionista muda completamente. Os prováveis adversários de Firmino sabem disso e não vão arriscar compor, mesmo com o apoio incondicional do governador. Até porque o próprio WD também estará em busca de apoio para garantir o seu governo.

Wellington foi privilegiado em seus dois primeiros mandatos como governador por ter o alinhamento com os do presidente Lula, que exercia o poder simultaneamente. O Piauí recebeu um grande volume de recursos sustentados pela amizade sólida dos dois líderes. Com a presidente Dilma, Dias não goza da mesma simpatia e vem enfrentando dificuldades da mesma forma ou até pior do que um aliado comum e não um correligionário. E não é qualquer partizan, mas aquele que deu a maior diferença proporcional de um estado para eleição de Rousseff.

Firmino Filho e Themístocles Filho

Wellington, nestes dias, conseguiu a chancela de encaminhamentos de verbas do governo federal no valor de 320 milhões de reais. Mas o repasse precisaria ser aprovado no Senado. Como não vai conseguir que isso aconteça antes de segunda-feira, será como um cheque sem fundos de um falecido. É pouco provável que receba. Se Dilma sair, Dias vai enfrentar pela primeira vez o que é ser oposição ao governo central. De uma história sempre favorável de alinhamento, vê-se na posição desconfortável de guerrear sozinho. Será um grande teste para provar sua capacidade administrativa.

Quem dá as cartas?

Sempre considerando a hipótese do afastamento da presidente, a liderança mais poderosa do território piauiense estará no Palácio Petrônio Portella e não mais no Karnak. O presidente da Alepi vai tomar o cocar e conduzir das margens do Rio Poty a distribuição das cartas no jogo político. Juntamente com João Henrique de Almeida Sousa, fazem a dobradinha de maior acesso a Michel Temer.

João Henrique, com sua conhecida amizade e grande confiança conquistada com Michel, deve estar figurando entre os mais cotados nomes para assumir um Ministério com grande poder e visibilidade. O ex-presidente da Funasa, Henrique Pires, também homem de confiança de Temer, alijado em condições que indicam retaliação ao desembarque do PMDB e especificamente ao vice-presidente, no mínimo, volta triunfantemente de onde saiu. Ou então pode engajar em cargo de maior destaque.

Se tudo o que está se anunciando realmente acontecer, não só Firmino Filho leva grandiosa vantagem para reeleger-se, como a concorrência ao governo do Piauí, em 2018, também será decidida entre os dois partidos. Isto é, se a operação Lava Jato não continuar fazendo estragos, que podem chegar a terras mafrenses e alcançar lideranças locais com poder de mando. E em nível nacional, não atingir os que devem figurar no Palácio do Planalto e casas legislativas, mudando mais uma vez todas as figuras da República. Como a política é dinâmica, sim, tudo pode acontecer, inclusive nada.

Michel Temer e João Henrique (reprodução/internet)

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