O interrogatório do ex-presidente Lula, marcado por um clima de forte tensão na quarta-feira (14) teve lá o seu momento de descontração e amenidades.
Após o Ministério Público Federal encerrar seus questionamentos na audiência da ação penal do sítio de Atibaia que se arrastou por três horas, o advogado José Roberto Batochio, veterano criminalista que integra a defesa do petista, pediu licença e se retirou.
"No início da audiência, eu tinha avisado à sra escrevente que eu ia ter que me retirar da audiência, vou pedir licença à Vossa Excelência, meu colega continua na defesa. Agradeço e desejo a todos bom feriado", comunicou Batochio à juíza Gabriela Hardt, que interrogou Lula.
"Me leva com você?", pediu Lula, arrancando risadas dos advogados.
"Se o senhor quiser ficar em silêncio, também podemos encerrar", sugeriu a magistrada a Lula. "O senhor quer responder às outras perguntas ou quer encerrar?"
Batochio levantou-se e abraçou Lula.
"Tchau, não quer me levar, não?", insistiu o ex-presidente, que está preso desde a noite de 7 de abril na sede da Polícia Federal de Curitiba, para cumprimento de uma pena de 12 anos e um mês de reclusão em outro processo, o do triplex do Guarujá.
Na quarta (14), Lula falou por cerca de 3 horas em seu interrogatório. Após o depoimento, ele retornou à carceragem da Polícia Federal, escoltado por um forte aparato de agentes armados. O ex-presidente ocupa uma sala especial na sede da PF de Curitiba.
Esta é a terceira vez que Lula foi ouvido como réu da Lava Jato. A primeira foi em maio de 2017, a segunda, em setembro. Em ambas foi interrogado pelo juiz Sérgio Moro. No processo do sítio de Atibaia, Lula é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A força-tarefa da Operação Lava Jato sustenta que o petista foi beneficiário de R$ 1,02 milhão, supostamente repassados pelo pecuarista José Carlos Bumlai e pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, na forma de melhorias da propriedade rural localizada no interior de São Paulo que seria de uso do ex-presidente.
Ele foi interrogado por Gabriela Hardt, que assumiu as ações penais da Lava Jato em Curitiba. Moro deixou a operação e se desligou dos processos para assumir o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro.
Fonte: Estadão
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