MULHERES SÃO MAIORIA DO NÃO VOTO

Mulheres estão mais desiludidas com a política (Crédito: Gilson Teixeira/OIMP/D.A Press)

O eleitorado feminino é hoje o responsável pela maioria dos votos brancos e nulos declarados em pesquisas de intenção de voto para presidente da República nas eleições 2018. Segundo recorte feito pelo Ibope a pedido do jornal O Estado de S. Estado, seis em cada dez eleitores dispostos a não votar nos pré-candidatos apresentados são mulheres na faixa etária dos 35 aos 44 anos, desiludidas com os recorrentes escândalos de corrupção envolvendo a classe política e preocupadas com o rumo da economia.

A mesma preponderância feminina é observada no grupo dos eleitores indecisos. Em ambos os casos, a participação de mulheres é superior se comparada ao número de votos que detêm no País. O detalhamento da última pesquisa CNI/Ibope para presidente mostra que, enquanto elas representam 52% do eleitorado nacional, são 58% na fatia dos que votam branco ou nulo e 55% entre os que não se decidiram.

A indignação feminina diante da corrupção e as incertezas relacionadas à recuperação da economia brasileira, especialmente a retomada do emprego e o risco da inflação, explicam o fenômeno, segundo pesquisas qualitativas feitas pelo Ibope. Especialistas ainda apontam mais dois motivos: o sentimento de que os atuais políticos não representam as mulheres – em 2014, elas preencheram apenas 10% das vagas na Câmara dos Deputados – e a indefinição em torno de quem será ou não candidato em outubro.

NULO
O porcentual de eleitores dispostos a anular o voto é o que mais chama a atenção. No cenário sem a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava jato, o índice de eleitores que declaram voto em branco ou nulo chega a 31%, contando mulheres e homens. Em 2014, de acordo com o Ibope, a taxa nessa mesma época do período eleitoral era de 16%. Entre os eleitores que se dizem indecisos, ou seja, respondem não saber em quem votar em outubro, o porcentual se mantém em 8%.

CRISE
Para a cientista política Vera Chaia, da PUC-SP, o não voto não significa necessariamente desinteresse. "A mulher critica, reivindica e participa mais hoje. Há muito mais cobrança, movimentos contra assédio, a favor da equiparação de salários e isso faz com que as mulheres tenham mais poder de decisão. Esse número de votos brancos e nulos é uma crítica ao atual momento da política e aos candidatos que não representam isso", afirma.

As pesquisas qualitativas do Ibope confirmam essa percepção. Segundo o instituto, as mulheres deixam para decidir nos últimos dias da campanha, quase na véspera da eleição, justamente porque são mais críticas, avalia a CEO do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari.

Fonte: Estadão

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