PF mapeia elo de ex-presidente de fundo dos Correios e Youssef

Elaborado pelo agente da Polícia Federal Rodrigo Prado Pereira, o relatório de qualificação dos contatos via BBM (programa de mensagens do BlackBerry) de Alberto Youssef revela que o ex-presidente do fundo de pensão dos Correios Alexej Predtechensky mantinha contato com o doleiro e chegou a visitá-lo em ao menos duas ocasiões. O documento deve ajudar os deputados da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) criada na semana passada para apurar os indícios de aplicação incorreta dos recursos e manipulação da gestão nos fundos de pensão de estatais federais. Predtchesnky ocupou o cargo máximo no Postalis, o fundo de pensão dos Correios, entre 2006 e 2012.

Para qualificar os contatos de Youssef, o relatório datado de 29 de setembro de 2014 combina os dados do controle de acesso de visitantes do escritório de Youssef com informações fornecidas pelo monitoramento de BBM. De acordo com o agente federal, "quando era necessário aumentar o nível de segurança da comunicação" e diminuir ao máximo a possibilidade de monitoramento, o doleiro utilizava-se da tecnologia BBM. Desta forma, salienta Pereira, a rede de contatos "pode ser utilizada para elucidar possíveis atividades criminosas desenvolvidas por ele e que ainda não foram totalmente esclarecidas".

O documento não expõe o conteúdo das conversas travadas entre Youssef e Predtechensky no aplicativo do BlackBerry. Entretanto, são listadas ao menos duas visitas do ex-titular do fundo de pensão à sede da GFD Investimentos. A primeira em 17 de maio de 2012 e a segunda no dia 25 de fevereiro de 2014. Segundo a PF, a GFD era utilizada pelo doleiro para mascarar transações cujo objetivo era escoar o dinheiro proveniente de fraudes em licitações públicas, em especial na Petrobras.

No relatório, a PF cita ainda uma reportagem do jornal "Folha de S.Paulo" na qual Predtechensky é associado às diligências da operação Faktor. A investigação teve como alvo o grupo político do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). Diz o relatório da PF: "De acordo com fontes abertas, Alexej esteve envolvido com denúncias de fraudes junto ao Postalis, enquanto foi presidente do fundo. Também esteve associado a investigações da operação Faktor (antiga operação Boi Barrica) e teve seu nome associado ao ministro Edson Lobão [PMDB-MA], seu filho Marcio Lobão, e aos senadores Renan Calheiros [PMDB-AL, atual presidente do Senado] e José Sarney". Conhecido como Russo, Predtechensky chegou a ser sócio de Márcio Lobão em uma concessionária da BMW.

Fonte: Uol.

Comente aqui