PF investiga ameaça a empresário ligado a Renato Duque

O empresário João Antônio Bernardi Filho, ligado ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, foi transferido na manhã quinta-feira (24) do Complexo Médico Legal, em Pinhais, região Metropolitana de Curitiba, para a superintendência da Polícia Federal. Investigadores disseram que ele relatou ter sofrido ameaças.

A Polícia Federal está investigando a denúncia feita pelo empresário. Por enquanto, os investigadores não quiseram revelar detalhes sobre as ameaças relatadas por Bernardi Filho. Mas confirmaram que o empresário ficará na superintendência da PF enquanto o caso é apurado.

Bernardi filho é acusado de repassar propina ao ex-diretor , Renato Duque, que também estava preso no mesmo complexo de onde o empresário foi retirado hoje.

O empresário controlava a offshore Hayley, com sede no Uruguai e conta bancária na Suíça, usada para a lavagem de dinheiro e o pagamento de propina para Duque, de acordo com a denúncia do Ministério Público Federal.

Bernardi também foi identificado como representante da empresa italiana Saipem.De acordo com o MPF, Bernardi ofereceu vantagem indevida a Duque para que a empresa que representava fosse favorecida na celebração do contrato com a Petrobras para a obra de instalação do gasoduto submarino de interligação dos campos de Lula e Cernambi, localizados na Bacia de Santos.

O filho do representante, Antônio Carlos Briganti Bernardi, também ajudava na operação. Ele recebia mensagens com orientações para como proceder com a administração da Hayley, assim como Christina Jorge.

Entre janeiro e agosto de 2011, Bernardi ofereceu R$ 100 mil a Duque para que a Saipem vencesse a licitação para a instalação do gasoduto, segundo as investigações. O diretor da estatal aceitou a proposta e assegurou a contratação da empresa italiana, diz o MPF.

A Saipem participou do certame a convite da Petrobras, junto com outras duas empresas. Mas, ainda conforme o MP, apenas a italiana apresentou proposta válida. Contudo, o preço apresentado inicialmente era 20% maior do que o estimado pela Petrobras, o que inviabilizava a contratação.

Siapem e Petrobras, então, passaram a negociar a redução dos valores, sem êxito, a princípio. Em 2011, o funcionário da estatal Roberto Gonçalves avisou Duque que as negociações não tiveram sucesso. O diretor marcou uma reunião com os responsáveis da Petrobras pela licitação e, em vez de refazê-la, optou-se apenas pela flexibilização de algumas condições de contratação.

Os valores estimados por Petrobras e Sapeim, no entanto, ainda não batiam. Em 6 de outubro de 2011, representantes da Saipem e Bernardi estiveram na estatal. No mesmo dia, um funcionário da Petrobras enviou um email a Duque indicando que as negociações estavam fechadas.

O contrato foi assinado em 5 de dezembro do mesmo ano, com o valor de R$ 248.970.036,92. Assim, segundo o MPF, constata-se que a propina prometida por Bernardi a Duque favoreceu a Saipem nas negociações.

O lobista Júlio Camargo é apontado como intermediador do pagamento de propina a Renato Duque. Foi ele quem fez as transferências do dinheiro indevido, de acordo com o Ministério Público.

Fonte: G1.

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