Ex-gerente da Petrobras diz à CPI que sindicância viu 'indício' de propina

O ex-gerente de Segurança Empresarial da Petrobras Pedro Aramis de Lima Arruda disse nesta terça-feira (30) à CPI que a comissão interna criada pela Petrobras encontrou "robusto conjunto de indícios" de pagamentos de propina pela empresa holandesa SBM Offshore a funcionários da empresa. Ele porém, destacou que sindicância não identificou nomes desses trabalhadores ou encontrou provas contra eles.

Arruda compôs o grupo que conduziu a sindicância interna e prestou depoimento à CPI nesta terça. A SBM admitiu ter pago propina a funcionários da estatal brasileira em troca de contratos de aluguel de plataformas de petróleo.

"Lamentavelmente, a comissão identificou cinco indícios que apontavam para uma probabilidade relativamente alta de que alguma coisa errada houvesse ocorrido", explicou Arruda, que integrou o grupo que conduziu a sindicância.

Entre os indícios, Arruda citou o pagamento de uma comissão no valor de US$ 130 milhões para uma mesma empresa, sem especificar qual, e a presença no escritório da SBM de dois documentos sigilosos da Petrobras. Ele relatou que a sindicância apurou quem na estatal havia gerado cópias dos documentos confidenciais, mas não quem os vazou para a SBM.

Segundo o ex-gerente, porém, apesar dos indícios de que havia algo irregular, a comissão não conseguiu encontrar provas concretas da existência de corrupção.

Arruda listou ainda os passos tomados pela comissão para averiguar as suspeitas encontradas, incluindo uma diligência na Holanda, e contatos com representantes da SBM e escritórios de advocacia, além do Ministério Público holandês e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. “Não conseguimos identificar nomes e essas autoridades não nos facultaram nomes”, afirmou.

De acordo com o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco, um dos delatores da Operação Lava Jato, as propinas da SBM eram repassadas a funcionários da Petrobras por intermédio de Júlio Faerman, que representava a empresa holandesa no Brasil.

Em depoimento a integrantes da CPI, em Londres, em 19 de maio, o ex-diretor da SBM Jonathan Taylor confirmou o repasse de pagamentos via Faerman. Ao ser convocado pela CPI, Faerman, porém, se manteve calado.

Diante da falta de provas, o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), criticou os trabalhos da comissão interna da Petrobras classificando-os de “frouxos” e “falhos”.

O ex-gerente de segurança rebateu as críticas dizendo que “não existe segurança 100% eficaz”. “Quem trabalha com segurança sabe que não existe segurança 100% eficaz”, afirmou.

Sobre as obras do Complexo Petrolífero do Rio de Janeiro (Comperj), que chegaram a ser paralisadas causando demissões, Arruda disse que a comissão interna da Petrobras detectou que houve falhas no planejamento e variações nas estimativas do projeto. Segundo o ex-gerente, o atraso no cronograma de construção gerou prejuízo de cerca de R$ 1 bilhão.

Fonte: G1

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