Cardozo manda PF apurar vazamento de depoimento

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou que a Polícia Federal (PF) apure o suposto vazamento do depoimento do empresário Luis Cláudio Lula da Silva – filho mais novo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – nas investigações da Operação Zelotes, informou a assessoria da pasta.

Cardozo ordenou a investigação após a defesa de Luis Cláudio protocolar nesta sexta-feira (13) uma representação solicitando que fosse averiguado o possível vazamento das informações prestadas pelo empresário aos policiais federais no dia 4 de novembro.

A desembargadora Neuza Maria Alves da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), determinou no dia 6, por meio de uma liminar (decisão provisória), o sigilo dos dados e documentos apreendidos pela Polícia Federal em empresas de Luís Cláudio.

De acordo com a assessoria do Ministério da Justiça, o titular da pasta ordenou que, após apurar a denúncia, a Polícia Federal preste esclarecimentos ao gabinete do ministro para que sejam tomadas as "providências cabíveis".

No final de outubro, três empresas de Luís Cláudio foram alvo de ações de busca e apreensão da PF na mais recente fase da Operação Zelotes, que investiga um suposto esquema de corrupção que atuava no Conselho de Administração da Receita Federal (Carf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda.

Segundo as investigações, a LFT – uma das empresas de Luís Cláudio – recebeu pagamentos do escritório Marcondes e Mautoni, especializado na representação de montadoras automotivas em entidades do setor, como a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea) e o Sindicato Nacional da Indústria de Veículos (Sinfavea).

A banca de advogados de Marcondes é investigada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por ter atuado de forma supostamente ilegal para aprovar a MP 471, que prorrogou benefícios fiscais de montadoras de veículos.

Em 27 de outubro – dia em que Lula completou 70 anos –, Luís Cláudio foi intimado a depor à Polícia Federal para esclarecer as suspeitas de que uma empresa dele recebeu propina do esquema de corrupção que atuava no Carf.

Na ocasião, Cardozo ordenou que o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, prestasse "esclarecimentos imediatos" sobre a intimação do filho mais novo do ex-presidente da República, que teria ocorrido após as 23h, "fora do procedimento usual".

O advogado do caçula de Lula, Cristiano Zanin Martins, explicou que a LFT prestou serviços à Marcondes e Mautoni nos anos de 2014 e 2015 e, por este motivo, recebeu os valores que foram contratados. As apurações da Operação Zelotes apontam que, em 2014, a LFT recebeu R$ 1,5 milhão da empresa de Marcondes.

Reportagem da revista "Época" publicada neste fim de semana mostra trechos do depoimento de Luis Cláudio à PF. A publicação afirma que os pagamentos do escritório de advocacia à empresa do filho de Lula, entre 2014 e 2015, somam R$ 2,5 milhões. Ele prestaria a Marcondes consultoria técnica e assessoramento empresarial de marketing esportivo.

A revista diz ainda que, no depoimento à PF, o empresário teve dificuldades para explicar o que é consultoria técnica e assessoramento empresarial de marketing esportivo e para dizer quais suas qualificações para prestar esse serviço.

“Que os projetos contratados pela Marcondes e Mautoni foram executados diretamente pelo declarante, que a formação do declarante é a graduação em educação física, não possuindo nenhuma especialização acadêmica em marketing esportivo”, diz trecho do depoimento revelado pela revista.

A reportagem de "Época" motivou a defesa de Luis Cláudio a acionar o ministro da Justiça. Em nota, o advogado critica o suposto vazamento do depoimento, que ele tomou conhecimento ao receber, nesta sexta, perguntas de um repórter da revista.

Fonte: G1.

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