Cardozo considera 'grave' declaração de advogada

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta sexta-feira (31) no Rio de Janeiro que considera “grave” a declaração da advogada Beatriz Catta Preta, defensora de delatores da Operação Lava Jato. Em entrevista ao Jornal Nacional nesta quinta (30), ela disse que se sente ameaçada e intimidada por integrantes da CPI da Petrobras e que, por isso, decidiu encerrar a carreira.

“Acho que são declarações que se colocam de maneira grave”, disse Cardozo, em entrevista coletiva sobre o Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, no Palácio do Itamaraty, no Centro do Rio. "O Ministério Público [Federal], como os órgãos que têm competência legal para apurar isso, deve apurar para verificar o que efetivamente deve ser colocado. Da parte do Ministério da Justiça, evidentemente, nós apenas observamos e esperamos que tudo seja esclarecido."

Após a aprovação no último dia 9 do requerimento que a convocou para depor à comissão, a advogada desistiu de continuar defendendo três clientes que fizeram acordo de delação premiada no âmbito da investigação do esquema de corrupção na Petrobras. A CPI quer que ela explique a origem do dinheiro recebido a título de honorários.

Indagada sobre quais eram os autores das supostas tentativas de intimidação, Catta Preta respondeu: "Vem dos integrantes da CPI, daqueles que votaram a favor da minha convocação", declarou.

Sem citar nomes, Catta Preta, especializada em acordos de delação premiada, disse que decidiu encerrar a carreira a fim de zelar pela segurança da família.

"Depois de tudo que está acontecendo, e por zelar pela segurança da minha família, dos meus filhos, eu decidi encerrar a minha carreira na advocacia. Eu fechei o escritório", declarou.

A advogada disse na entrevista ao JN que recebeu ameaças de maneira "velada". "Não recebi ameaças de morte, não recebi ameaças diretas, mas elas vêm de forma velada, elas vêm cifradas", disse.

Beatriz Catta Preta atuou em nove dos 18 acordos de delação premiada firmados por investigados da Operação Lava Jato com o Ministério Público. Esses nove delatores são os executivos Júlio Camargo e Augusto Mendonça (Toyo Setal); o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco; o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, a esposa dele, as duas filhas e dois genros. Embora tenha atuado nesses nove casos, se mantinha na defesa de três – Barusco, Júlio Camargo e Augusto Mendonça.

Fonte: G1.

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