O governador Wellington Dias (PT) passou os últimos dias avaliando a repercussão da crise que se instalou-se entre as esferas da política estadual e municipal em Teresina. Resolveu buscar entendimento com o prefeito Firmino Filho na tarde desta quarta-feira (22). Ligou para o tucano e foi conversar no Palácio da Cidade.
Oficialmente, a pauta era o interesse público nas parcerias público-privadas -- que a PMT quer iniciar e no meio das quais o Estado já está enrolado --, mais especificamente o caso da Agespisa e o serviço prestado pela AEGEA. De fato, o petista foi ao encontro de bandeira branca hasteada, depois de entender que a repercussão pós-eleição na Câmara tomou proporção e caminho desgastantes.
O governador não quis falar à imprensa antes da conversa com o prefeito. Foram liberadas apenas as entradas de fotógrafos e cinegrafistas para que fossem feitas imagens. Durante este tempo, Wellington Dias e Firmino Filho conversaram superficialmente sobre as potencialidades das PPPs. Wellington falou sobre um prêmio que o Governo do Estado recebeu sobre o tema em São Paulo. Adiantou que busca uma PPP para a finalização da rodovia Transcerrados. E começou a falar de saneamento na hora em que fotógrafos e cinegrafistas saíram da sala.
Ambos acompanhados de seus secretários de maior confiança. Rafael Fonteles (Sefaz) acompanhava o governador. Charles Silveira (Semgov) e Fernando Said (Semcom) permaneceram ao lado de Firmino Filho.
Era, claramente, um encontro para quebra de gelo com aproximação cuidadosa. Numa segunda rodada de fotos e vídeos, foi possível ver que os secretários trocaram números de telefone e falaram sobre manter contato mais frequentes. Depois de uma hora, a conversa ainda era administrativa. Wellington Dias falou ao prefeito sobre recursos devidos ao município de Teresina oriundos da outorga dos serviços da Agespisa para a AEGEA. Firmino disse que não queria repasse financeiros, mas a execução de obras de infraestrutura que juntas somassem essa quantia. O valor não foi divulgado.
SÓ OS DE CONFIANÇA
Em alguns momentos, foi possível perceber o constrangimento do governador Wellington Dias. Ele e Firmino estão em lados opostos do plano cartesiano político piauiense, mas possuem o PMDB como intersecção. Ambos estão presos a "vices" do PMDB que preferiam manter à distância: o que tucano tem hoje e o que o petista não quer ter amanhã. Nem de longe pareceu uma conversa administrativa comum. O governador não deixou seu assessor Alvaro Carneiro na sala. Saiu sem falar com a imprensa e, durante o tempo disponível para fotos e vídeos, Wellington parecia ansioso e nervoso.
O governador despistou a imprensa anunciando coletiva para o final do encontro, mas saiu sem falar com jornalistas. Não havia uma única planilha, um caderno de anotações, um relatório financeiro, uma lista de obras, nada que pudesse compor o cenário da versão oficial da visita. Até o horário adverso estava desencaixado da normalidade. Antes de ir embora, falou a sós com Firmino. O prefeito também não gravou entrevista.
MUITO AGRESSIVO
W.Dias deu a pista de que não concordou com a agressividade da manobra política realizada na ausência de Firmino, que estava em viagem oficial na Europa. Talvez tenha sido o receio de que ele pudesse ser a próxima vítima, uma vez que viaja bem mais que o prefeito. Um integrante da comitiva do governador também disse que o tom eleitoral com o qual o presidente da Alepi manifestou seus ataques após o rompimento com o tucano destoaram em modo, espaço e tempo do petista.
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