W.DIAS PUXA TAPETE DO PP

Wellington Dias lembrou a aliados que o governo é dele e de mais ninguém; manobrou a saída de 4 secretários de Estado para expulsar progressistas do plenário da Alepi; o petista não quer obstáculos entre ele e o aumento de impostos (fotos Jailson Soares | Imagem Marcos Melo | PoliticaDinamica.com)

O Diário Oficial desta quarta-feira (31) traz as exonerações do secretário de Trabalho Gessivaldo Isaías (PRB), do secretário Turismo Flávio Júnior (PDT), do secretário de Assistência Social Zé Santana (PMDB) e do presidente da Fundação Hospitalar Pablo Santos (PMDB). A movimentação busca garantir a aprovação do aumento de impostos em votação rápida na Assembleia Legislativa. E revelou o tamanho da fome de Wellington Dias (PT) por mais recursos.

Júlio Arcoverde não quis comentar o caso, apesar de ser o presidente do PP no Piauí; antes da manobra do governador ele já havia externado a decepção dos progressistas diante das desconsiderações repetidas de W.Dias; com essa "puxada de tapete", o parlamentar preferiu manter-se em silêncio na mídia e manifestar-se na justificativa do voto nesta quarta-feira (foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)

Procurado pelo Política Dinâmica, o presidente estadual do PP, deputado Júlio Arcoverde não quis comentar o assunto. Se limitou a dizer que o governador tem o controle da Assembleia e está no seu direito de exonerar e nomear quem quiser. O voto de Júlio, titular, não muda. Ele será contra o aumento tanto na Comissão de Finanças quanto no Plenário. Mesmo com os progressistas votando contra, Wellington tinha números para vencer a votação: 16 deputados e também o presidente da Alepi, Themístocles Filho (PMDB).

Ainda assim, considerou o projeto grande demais pra arriscar. Na última semana, o líder do governo e o presidente da CCJ, João de Deus (PT) e Evaldo Gomes deixaram a oposição tomar o projeto e a relatoria dele na Comissão de Finanças. Não quis arriscar outra lambança.

Os aliados do governador já percebem que ele mudou; até mesmo os petistas já têm uma longa lista de queixas; mas é possível perceber que até o cidadão Wellington mudou, a fisionomia de W.Dias já não é mais a mesma e isso está longe de ser um efeito da idade que avança. O petista só pensa em duas coisas: dinheiro e campanha. Nada além disso, ninguém além dele. E o PP sentiu isso. (foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)

Perder essa votação significa para o governador deixar de colocar as mão em R$ 150 milhões que caem direto na conta "00" -- a conta zero zero é a conta única, ou seja, o governo faz o que quer com o recurso. Wellington entendeu que a desculpa de aumentar impostos para pagar salários não colou, uma vez que o Estado continua cheio de aspones e diversos contratos dos quais dependem trabalhadores de verdade -- contratados e terceirizados -- não são honrados há meses. O foco de Wellington é a campanha. A situação ficou tão absurda que nem o PP aceitou sustentar a enganação.

DESCONSIDERAÇÃO

O PP vem socorrendo Wellington Dias desde 2013. Naquele ano ele estava isolado e o senador Ciro Nogueira o pegou pela mão. Veio a campanha em 2014 e não lhe faltou estrutura. Juntos venceram. Logo em seguida, Wellington Dias convidou e desconvidou Margarete Coelho, sua vice, para ser secretária de Governo.

DESESTÍMULO

Bola pra frente. Junto ao governo federal de Dilma Rousseff, a ajuda de Ciro foi importante. Depois do impeachment, quando o chão faltou à gestão do PT no Piauí, foi a articulação do PP que deixou o governo do estado respirando. Wellington ofereceu e desofereceu a secretaria de Saúde. Criando mais um mal-estar. O PP relevou, afirmando que não estava no governo por cargos, mas por convicção de um caminho a ser trilhado.

DESRESPEITO

Passado o mal-estar, chegou mais crise. O PP viabilizou liberação de empréstimos para que o governo não se visse obrigado a aumentar impostos mais uma vez este ano. Wellington aceitou e, já tramando outra puxada de tapete, tentou desmoralizar o PP junto ao Planalto bancando um voto contra o presidente Michel Temer (PMDB). Imediatamente quebrou o acordo de não aumentar novamente impostos enviando um segundo projeto de aumento pra a Alepi. E, mesmo com os votos necessários para vencer a votação, manobrou para tirar dois deputados do PP no plenário.

Na última segunda-feira (30), no Fórum Piauí Brasil, promovido pelo Grupo Cidade Verde, era visível a distância que Wellington queria manter do senador Ciro Nogueira; o petista havia sido avisado mais cedo do posicionamento oficial dos progressitas contra o aumento de impostos; Wellington parecia já saber que os expulsaria da Alepi no dia da votação (foto: Marcos Melo | PoliticaDinamica.com)

CONFUSÃO

A manobra de Wellington Dias lhe vai render recursos financeiros, mas vai lhe trazer problemas políticos. Dois deles em Picos. Primeiro porque o grupo político do qual faz parte a deputada Belê Medeiros já o acompanhava com certa dificuldade depois que o petista asfaltou R$ 4 milhões na cidade durante a campanha eleitoral de 2016 tirando de Gil Paraibano a vitória que se desenhava tranquila. Agora, ficou evidente que Wellington não está nem aí para a deputada ou qualquer pessoa ligada a sua família.

O grupo político ao qual a deputada Belê Medeiros pertence sabe que o governador não é confiável; em 2016 ele "derramou" R$ 4milhões em forma de asfalto na campanha eleitoral de Picos forçando a derrota de Gil Paraibano, tio da parlamentar (foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)

CONFUSÃO DEMAIS

Já em Oeiras, é a família do deputado Bessah (PP) quem vai trazer a chuva de confusão até a porta de Wellington Dias. O pai dele, B. Sá, não gostou do tratamento dispensado a seu filho, uma vez que a família é aliada de primeira hora do atual governador. Quer explicações e só palavras não bastarão para superar a questão. E tudo isso mostra que não haverá tantas cidades onde o governador poderá dizer que é votado "pelos dois lados". Hoje já se sabe que alguém será traído em 2018. W.Dias plantou a desconfiança e a paranóia em sua campanha.

Uma coisa não pode ser negada ao grupo político de B.Sá: são aliados de primeira hora de Wellington Dias. Ou eram. Afinal, o modo desrespeitoso como Bessah Araújo foi posto para fora da Alepi numa canetada raivosa do governador não se repara com um telefonema. E em Oeiras, os principais adversários, do PMDB, estão crescendo em importância e espaço dentro da gestão de Wellington (foto: Marcos Melo | PoliticaDinamica.com)


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