O Diário Oficial desta quarta-feira (31) traz as exonerações do secretário de Trabalho Gessivaldo Isaías (PRB), do secretário Turismo Flávio Júnior (PDT), do secretário de Assistência Social Zé Santana (PMDB) e do presidente da Fundação Hospitalar Pablo Santos (PMDB). A movimentação busca garantir a aprovação do aumento de impostos em votação rápida na Assembleia Legislativa. E revelou o tamanho da fome de Wellington Dias (PT) por mais recursos.
Procurado pelo Política Dinâmica, o presidente estadual do PP, deputado Júlio Arcoverde não quis comentar o assunto. Se limitou a dizer que o governador tem o controle da Assembleia e está no seu direito de exonerar e nomear quem quiser. O voto de Júlio, titular, não muda. Ele será contra o aumento tanto na Comissão de Finanças quanto no Plenário. Mesmo com os progressistas votando contra, Wellington tinha números para vencer a votação: 16 deputados e também o presidente da Alepi, Themístocles Filho (PMDB).
Ainda assim, considerou o projeto grande demais pra arriscar. Na última semana, o líder do governo e o presidente da CCJ, João de Deus (PT) e Evaldo Gomes deixaram a oposição tomar o projeto e a relatoria dele na Comissão de Finanças. Não quis arriscar outra lambança.
Perder essa votação significa para o governador deixar de colocar as mão em R$ 150 milhões que caem direto na conta "00" -- a conta zero zero é a conta única, ou seja, o governo faz o que quer com o recurso. Wellington entendeu que a desculpa de aumentar impostos para pagar salários não colou, uma vez que o Estado continua cheio de aspones e diversos contratos dos quais dependem trabalhadores de verdade -- contratados e terceirizados -- não são honrados há meses. O foco de Wellington é a campanha. A situação ficou tão absurda que nem o PP aceitou sustentar a enganação.
DESCONSIDERAÇÃO
O PP vem socorrendo Wellington Dias desde 2013. Naquele ano ele estava isolado e o senador Ciro Nogueira o pegou pela mão. Veio a campanha em 2014 e não lhe faltou estrutura. Juntos venceram. Logo em seguida, Wellington Dias convidou e desconvidou Margarete Coelho, sua vice, para ser secretária de Governo.
DESESTÍMULO
Bola pra frente. Junto ao governo federal de Dilma Rousseff, a ajuda de Ciro foi importante. Depois do impeachment, quando o chão faltou à gestão do PT no Piauí, foi a articulação do PP que deixou o governo do estado respirando. Wellington ofereceu e desofereceu a secretaria de Saúde. Criando mais um mal-estar. O PP relevou, afirmando que não estava no governo por cargos, mas por convicção de um caminho a ser trilhado.
DESRESPEITO
Passado o mal-estar, chegou mais crise. O PP viabilizou liberação de empréstimos para que o governo não se visse obrigado a aumentar impostos mais uma vez este ano. Wellington aceitou e, já tramando outra puxada de tapete, tentou desmoralizar o PP junto ao Planalto bancando um voto contra o presidente Michel Temer (PMDB). Imediatamente quebrou o acordo de não aumentar novamente impostos enviando um segundo projeto de aumento pra a Alepi. E, mesmo com os votos necessários para vencer a votação, manobrou para tirar dois deputados do PP no plenário.
CONFUSÃO
A manobra de Wellington Dias lhe vai render recursos financeiros, mas vai lhe trazer problemas políticos. Dois deles em Picos. Primeiro porque o grupo político do qual faz parte a deputada Belê Medeiros já o acompanhava com certa dificuldade depois que o petista asfaltou R$ 4 milhões na cidade durante a campanha eleitoral de 2016 tirando de Gil Paraibano a vitória que se desenhava tranquila. Agora, ficou evidente que Wellington não está nem aí para a deputada ou qualquer pessoa ligada a sua família.
CONFUSÃO DEMAIS
Já em Oeiras, é a família do deputado Bessah (PP) quem vai trazer a chuva de confusão até a porta de Wellington Dias. O pai dele, B. Sá, não gostou do tratamento dispensado a seu filho, uma vez que a família é aliada de primeira hora do atual governador. Quer explicações e só palavras não bastarão para superar a questão. E tudo isso mostra que não haverá tantas cidades onde o governador poderá dizer que é votado "pelos dois lados". Hoje já se sabe que alguém será traído em 2018. W.Dias plantou a desconfiança e a paranóia em sua campanha.
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