REJANE ENTREGOU O JOGO

Rejane não entendeu a repercussão do que disse na entrevista concedida ao jornalista Edjalma Borges em Brasília (foto: Marcos Melo | PoliticaDinamica.com)

“E esse dinheiro é para quê? Pagar conta!”, perguntou e respondeu a si mesma a deputada federal Rejane Dias, do PT. Ela era entrevistada pelo jornalista Edjalma Borges em Brasília quando, sozinha, entregou o jogo: Wellington Dias está esperando recursos de empréstimo que deveriam ser destinados a obras para pagar despesas correntes do Estado, o que é proibido pela Lei. O Ministério Público Federal já está investigando o uso da primeira parcela desses empréstimos.

Caminhava para ser mais uma destas entrevistas sem muito valor de notícia quando Edjalma perguntou a Rejane sobre atraso de pagamentos do transporte escolar no Piauí. A deputada — que acabou de deixar o cargo de secretária de Educação do Piauí — afirmou que já recebeu a SEDUC com atraso no pagamento de transporte escolar. Somou a isso o número de alunos que “cresceu demais” e  aumentou as contas a ponto do Estado não conseguir honrar o compromisso de pagar em dia.

Rejane falou dos empréstimos para pagar contas do transporte escolar e contas da segurança, que também não faz parte do contrato junto à Caixa Econômica Federal (foto: Marcos Melo | PoliticaDinamica.com)

Já não estava sendo a melhor desculpa quando Rejane se meteu a reforçar esse raciocínio. E deixou que saíssem de sua boca afirmações que simplesmente apontam que a gestão de Wellington Dias pretende utilizar de maneira errada os recursos de operações de crédito FINISA (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento).

“Por isso essa questão do empréstimo é muito importante. A oposição tem batido muito no empréstimo, né? Mas o estado do Piauí precisa desse recurso”, comentou. Sim, o Piauí precisa dos recursos, mas para a finalidade correta. Já os planos de Wellington Dias e Rejane são outros. “É exatamente o quê? Pra sanar contas como essa, a questão do transporte escolar, as obra… Para também não paralisarem, e assim por diante”, enfatizou.

Fontes do Karnak avaliaram que a entrevista de Rejane Dias apontando que empréstimos iriam pagar o rombo do transporte escolar prejudicou a "força-tarefa" montada para trazer os recursos ao Piauí antes das eleições; "Não foi a entrevista mais feliz dela", comentam no governo

Rejane fez outra boa pergunta a ela mesma, ao falar que está só esperando a liberação da Secretaria de Fazenda. “E a Fazenda diz o quê? ‘Estamos esperando a liberação aí do empréstimo, para poder sanar esses débitos’”, responde sem deixar dúvidas sobre a intenção de uso dos recursos.

Além de infraestrutura e saúde — que até se enquadram no FINISA — Rejane chega a citar que a Segurança também vai ter contas pagas com o dinheiro que deveria ser utilizado para obras específicas de mobilidade urbana e saneamento.

ATO FALHO

Dificilmente dá para justificar a fala de Rejane como uma “confusão mental”. Está mais para ato falho mesmo. Coisa, aliás, que se confirma ao revermos uma entrevista do atual secretário Helder Jacobina, concedida com exclusividade ao Política Dinâmica no último dia 2 de abril, quando Rejane deixou o cargo e ele assumiu a pasta.

Helder diz exatamente que a SEDUC está esperando liberação da SEFAZ. Ele não cita os empréstimos, mas a história bate com os argumentos de Rejane. “A gente está com um planejamento aí, vai sentar com a Secretaria de Fazenda. E a intenção é que a gente possa regularizar essa situação o mais breve possível”, comentou, cauteloso.

Insistimos na pergunta e Jacobina disse que a questão da crise financeira atrapalhou os pagamentos e alegou que “a Secretaria de Fazenda está com algum déficit aí e a gente está aguardando”. Não citou os empréstimos, mas sua fala bate com o que descreve Rejane em sua autoentrevista. Questionado se o dinheiro da SEDUC para o pagamento de transporte escolar era “carimbado” — aquele com destinação específica — o secretário de Educação disse que “não necessariamente”.

Veja as duas entrevistas.



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