Vamos de trás pra frente. No final da tarde de sábado (14), falamos com o empresário João Vicente Claudino. Perguntamos se o encontro com o prefeito Firmino Filho, do PSDB, havia sido combinado. JVC assegurou que foi obra do “acaso”. Se for, o acaso anda mesmo saliente.

Não conseguimos contato direto com o prefeito Firmino Filho. O encontro se deu no restaurante Latitude 30, na zona Leste de Teresina. O prefeito estava acompanhado da esposa, Dona Luci Silveira (filiada ao Progressistas). Também o senador Elmano Ferrer (Podemos) e representantes de entidades empresariais, que haviam escolhido o local para um almoço com o senador Álvaro Dias, do Paraná.

Álvaro Dias é pré-candidato a presidente da República. Tinha compromissos em Teresina e no Maranhão. Foi recepcionado calorosamente no Aeroporto de Teresina. Antes de sua chegada, João Vicente Claudino falou com exclusividade ao Política Dinâmica. Defendeu que dentre os nomes postos, o senador Álvaro Dias se destaca como uma das melhores opções para governar o Brasil. “Ele tem um projeto para um Brasil equilibrado e a capacidade de de gestão, de articulação para unir forças e fazer com que o país alcance seu ritmo normal de crescimento num curto espaço de tempo”, avaliou.

Em seguida soltou um comentário que, até ali, parecia genérico: “o cenário está totalmente aberto”. Ele entende que tendo sido o sábado passado (7) o último prazo para desincompatibilização e filiação partidária, estamos hoje (14) no final da “primeira” semana do ano eleitoral. “Muita coisa pode ocorrer”, frisou.

Veja a entrevista!

Ali, na meia hora que precedeu a chegada de Álvaro Dias, conversava bastante com Dr. Pessoa (Solidariedade), com quem tinha tomado café da manhã um dia antes tratando de composição política. Fala-se nos bastidores de um entendimento de uma chapa que tenha JVC para governador e Pessoa para senador. Mas JVC não esperou que Álvaro Dias terminasse as entrevistas com a imprensa para seguir para o restaurante, onde o tal acaso havia plantado o prefeito e a primeira-dama. Avaliando depois desse encontro, as palavras de JVC alertando um cenário aberto já não soam como encheção de linguiça.

MUDANÇAS?

Por telefone, o prefeito Firmino Filho, já no início da noite deste sábado, também jogou a "culpa" nos caminhos tortos do acaso. Assegurou que ele e JVC conversaram muito pouco sobre a política local e que a conversa girou mais em torno do cenário nacional. “O Álvaro Dias já esteve aqui no Piauí para eventos de minha campanha, quando ele era do PSDB. Temos um bom diálogo”, comentou, avaliando que o presidenciável está bem posicionado na corrida pelo Planalto.

Há sinais que não precisam de declarações. O PSDB tem seu próprio candidato a governador, o deputado Luciano Nunes, porem uma crise interna fez nascer a desconfiança de que o prefeito não fosse seu aliado, apesar da história política que une os dois. Ainda assim, Firmino garante que seu voto é do tucano. “Voto no Luciano”, fez questão de lembrar. O conflito havia desvalorizado a importância do prefeito no contexto das eleições de 2018, afinal, só haveria, então, o caminho do governo ou a “neutralidade”, que no final das contas, são o mesmo caminho.

E sair da oposição para os braços do governo — onde já não está bem o seu amigo Ciro Nogueira, presidente nacional do partido ao qual é filiada sua esposa — nunca pareceu um bom caminho para a imagem de Firmino. Mas apoiar JVC numa campanha que contesta o governo, isso é bem diferente. Sacode as coisas. E volta a lhe valorizar e dar força política. Se bem que, onde está Firmino, o Dr. Pessoa não quer estar e JVC o quer na chapa. Como se resolve isso? Resolve mesmo?

Passa a ser real a chance de que Wellington Dias (PT), aliás, perca mesmo o tempo de TV e a votação do PTB.

Chegamos, assim, ao começo da história: ainda há muito para acontecer. É a única certeza destas eleições.