FELIZ 2018! CRISE, EMPRÉSTIMO, INSATISFAÇÃO E PARALISIA

O que esperar de 2018 para o governo Wellington Dias? Em ano de eleição, a maioria dos esforços do petista e da base aliada devem se voltar para a disputa. As palavras que ganharam destaque em 2017 como crise, empréstimo, insatisfação dos partidos aliados e paralisia de obras pelo estado, serão evitadas a todo custo pelo petista. Mas será difícil evitar que elas venham à tona.

O esforço do governo será mostrar que 2018 é o momento de superação e que o pior ficou no ano que termina. Com uma gestão que não passou do mais do mesmo, que ganhou mais destaque na mídia pelas disputas de bastidores entre os aliados do que por obras e grandes feitos, não será fácil para Wellington explicar aos piauienses porque merece uma quarta chance à frente do Palácio de Karnak.

Dificuldades de 2017 na administração e política devem se acirrar em 2018 (Foto:JailsonSoares/PoliticaDinamica.com)

Liderando até agora as pesquisas internas encomendadas por partidos, o petista sabe que tem se beneficiado em muito pela desorganização da oposição. Mas ele tem consciência que essa falta de representatividade dos adversários deve perdurar somente até março. Depois desse período, com a oposição articulada, ele será o alvo principal da munição e não será fácil se defender dos ataques com um terceiro mandato, que praticamente foi de espera de dinheiro de empréstimo e de esforço para manter a folha de pagamento em dia.

Para responder a pergunta inicial deste texto, é preciso primeiro fazer uma retrospectiva dos fatos que marcaram o ano para o governador Wellington Dias:

EMPRÉSTIMO

Essa foi a palavra que mais ganhou destaque entre governistas e oposição em 2017. O governador Wellington Dias (PT) passou o ano na expectativa de receber R$ 600 milhões da Caixa Econômica Federal de empréstimo firmado por meio do Programa Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa).

A primeira parcela de R$ 315 milhões já foi sacada da conta, mas as obras não saíram do papel. A principal pergunta de 2017 foi: o que foi feito com o dinheiro do empréstimo? O governo não conseguiu provar. A oposição denuncia desvio de finalidade do dinheiro.

Equipe econômica espera liberação de segunda parte do empréstimo (Foto:JailsonSoares/PoliticaDinamica.com)

Mas Wellington garantiu aos jornalistas que até o final de março a prestação de contas do que foi feito com a primeira parte do dinheiro será entregue à Caixa. Sem a prestação de contas, não é possível liberar a segunda parcela.

Sem prestar contas, o governo passou a acusar o presidente Michel Temer (PMDB) de perseguição aos governos petistas. Os principais secretários de Wellington foram à campo culpar o Governo Federal por travar o recurso.  

Com a proximidade do ano eleitoral, a sede por empréstimos é tanta, que o governo conseguiu que a Assembleia Legislativa do Estado aprovasse autorização para contratação de operação de crédito junto a banco privados.

Sem um desfecho em 2017, a palavra “empréstimo” deverá continuar dominando o noticiário sobre o governo de Wellington Dias no ano que inicia.

relação com o TCE foi abalada (Foto:JailsonSoares/PoliticaDinamica.com)

PPP DA DISCÓRDIA

Uma sigla que dominou o noticiário com relação ao governo foi PPP (Parceria Público Privada). E ela foi responsável por uma crise entre o governo de Wellington Dias e o Tribunal de Contas do Estado (TCE).

O petista foi acusado pelo presidente do TCE, conselheiro Olavo Rebelo, de desrespeitar a autonomia do Tribunal ao conseguir no Tribunal de Justiça do Piauí (TJ), uma liminar impedindo que a Corte continuasse com o julgamento que apurava irregularidades na PPP da Agespisa.

Depois de muita disputa e troca de acusações, o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou a retomada do julgamento pelo TCE. O Tribunal constatou irregularidades na licitação e determinou que o processo retorne a fase de abertura dos envelopes. A empresa Águas de Teresina, vencedora da licitação, continua operando o sistema por meio de liminar.

Apesar da polêmica com a PPP da Agespisa, o governo continuou anunciando novas parcerias com o setor privado. No próximo ano, de banda larga a tratamento de resíduos sólidos da saúde serão geridos pela iniciativa privada. Os contratos são milionários. Os resultados até agora não corresponderam às expectativas dos usuários do serviço.

Assembleia Legislativa do Estado ajudou governo a aumentar impostos (Foto:JailsonSoares/PoliticaDinamica.com)

ANO NOVO, AUMENTO DE IMPOSTOS

Com o argumento de falta de dinheiro e ameaça de atrasar os salários dos servidores públicos, o governo de Wellington Dias conseguiu aprovar medidas polêmicas na Assembleia Legislativa. Os deputados aprovaram proposta de aumento de impostos para beneficiar a arrecadação do estado.

O (ICMS) Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços sofreu dois aumentos no mesmo ano. O primeiro foi aprovado em julho e o segundo em novembro. Os empresários protestaram, mas não teve jeito, o aumento foi aprovado.

A partir desta terça-feira (02), combustível, energia, comunicação e telefonia passam a ficar mais caros para os piauienses. Um verdadeiro presente de ano novo.

 CRISE NA BASE

Os aliados do governador Wellington Dias passaram praticamente todo o ano de 2017 em guerra. Os protagonistas da disputada forma os Progressistas e o PMDB, que agora se chama MDB.

A principal batalha, que ainda não acabou, se refere a vaga de vice. As duas legendas querem indicar o vice na chapa de reeleição do governador. O motivo é a expectativa que existe para que se reeleito, o petista renuncie ao cargo no final dos quatro anos, para concorrer a uma vaga de senador em 2022.

PP e MDB disputam a vaga de vice (Foto:JailsonSoares/PoliticaDinamica.com)

O partido que tiver o vice vai assumir o governo e ainda tem as chances de eleger o novo governador em 2022. O MDB quer indicar o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Themístocles Filho. Já o PP quer manter a atual vice, Margarete Coelho, no cargo. Mas dentro do MDB há que aposte que será Ciro o candidato ao governo em 2022.

SEM ESPAÇO

Com os Progressistas e o MDB monopolizando os principais espaços na chapa majoritária de Wellington, a oposição vive a expectativa de receber esforços dos insatisfeitos. Legendas como PSD e PDT podem deixar a base. Eles querem mais espaços.

CIRO MOSTRA PODER

Presidente nacional dos Progressista incomoda aliados e oposição com demonstração de força. O partido terminou o ano com a filiação de 75 prefeitos e quer começar 2018 com a adesão de 80 gestores municipais.

Ele também não faz cerimônia em trazer ministros do governo Temer para anunciar a liberação de verbas para o Piauí. E já começa o ano trazendo o ministro das Cidades, Alexandre Baldy (PP), para anunciar mais recursos e verbas para os prefeitos piauienses.

A breve retrospectiva dos principais fatos do governo de Wellington, em 2017, mostra que o ano que inicia deve ser uma continuação do que termina, com o agravante de ser um ano eleitoral. Essas mesmas palavras devem ganham destaque no próximo ano. 2018 promete ser de dificuldades administrativas e principalmente políticas para o petista.

A artilharia promete vir não só da oposição, mas também da base aliada.  A guerra por espaços na chapa majoritária será acirrada e muitos devem sair machucados. Wellington concentra forças para não ser um dos atingidos. A prioridade é a reeleição dele.

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