COVARDIA E FALTA DE TRANSPARÊNCIA

O aumento da passagem de ônibus de Teresina de R$ 3, 30 para R$ 3,70 repercutiu na Câmara Municipal de Teresina. O Política Dinâmica conversou com dois jovens vereadores, que foram personagens principais das históricas manifestações contra o aumento de 2011, e que agora discutem o assunto como parlamentares municipais.

Enzo Samuel (PCdoB) e Deolindo Moura (PT) fizeram parte do movimento estudantil e agora ocupam lados opostos na Câmara. O primeiro, que chegou a ser detido durante os protestos daquele ano, é aliado do prefeito Firmino Filho (PSDB). Já Deolindo integra a oposição ao tucano.  Apesar das diferenças, eles convergem em um ponto: a falta de transparência do sistema de transporte público de Teresina.

Vereadores falam sobre o aumento da passagem de ônibus de Teresina (Foto:JailsonSoares/PoliticaDinamica.com)

A oposição acusa o prefeito Firmino Filho (PSDB) de agir de forma “sorrateira” e de negar o diálogo com a população. O vereador Deolindo afirma que o reajuste da tarifa representa um desrespeito com a população da capital, em especial, com os estudantes.

“Esse aumento foi um ato de muita covardia e desrespeito com à população. Ato de covardia pela forma que foi aprovado dentro do Conselho. Foi de forma escondida e muita orquestrada. É um Conselho que não tem muita representatividade no meio da sociedade. Essa é a verdade. Não legitima o interesse da população. Sempre beneficia a classe empresarial. Os estudantes e o trabalhador são os mais penalizados”, declarou.

Deolindo questionou ainda o fato do aumento ter sido concedido no período de férias. Ele lembra que a Câmara também encontra-se de recesso. Segundo o petista, neste período o movimento fica desarticulado. “De forma covarde, sorrateira, o prefeito sanciona, em período de férias, para não existir a mobilização dos estudantes e um debate mais ampliado no seio da sociedade. Tenho falado na Câmara Municipal que falta diálogo na gestão do prefeito Firmino. Esse aumento da forma como foi feito comprova isso”, declarou.

O parlamentar do PT questiona ainda os motivos apresentados, pelos empresários, para o reajuste da tarifa. “Os técnicos da prefeitura alegam a mesma coisa há cinco anos. A questão dos corredores e dos terminais. Há cinco anos, depois do Feliz Ano Novo, ele vem com aumento de tarifa alegando a questão dos terminais. Por que não apresentar esse aumento de tarifa só depois que tivermos concluído e já funcionando? A população continua pagando por algo que nunca usufruiu e nem sabe como vai funcionar. Na Câmara Municipal, na trincheira da oposição, mas com a responsabilidade de defender transporte coletivo de qualidade, colocamos 12 projetos nessa área que foram vetados. A Câmara tem pouca possibilidade de fazer o debate dessa forma”, declarou.

O vereador Enzo Samuel afirma que falta transparência na planilha do Setut. Ele apresentou um projeto que cria uma espécie de Portal da Transparência da Planilha e espera o apoio dos demais vereadores e do prefeito Firmino Filho (PSDB) para a aprovação.

“Não se pode se manifestar sobre um aumento quando não se sabe os motivos que levaram a ele. É preciso que se tenha transparência na planilha. A população tem o direito de saber quanto se gasta com combustível, frota nova, contratações de pessoal para o setor. Isso pesa na planilha? Quanto? Ninguém sabe. Fica difícil se falar de algo que é obscuro. Eu defendo a transparência e espero ter o apoio da Câmara para isso”, declarou.

Apesar do cenário contrário, Enzo Samuel defende a ideia de passe livre estudantil. Ele diz que essa é uma bandeira desde a época em que era do movimento. “Eu sou contra o aumento e defendo o passe livre dos estudantes. Mas sabemos que essa é uma luta difícil. Envolve questões como subsídios e toda uma estrutura que atrapalha”, disse.

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