Como Pilatos, o deputado federal Marcelo Castro (PMDB) lavou as mãos e não votou no processo que pedia a abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer (PMDB). A decisão de não votar foi uma estratégia para não se indispor nem com o PT do Piauí e muito menos com o PMDB nacional.

Mas a ausência nesse caso teve o mesmo efeito que um voto favorável ao parecer do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), pelo arquivamento do processo contra o presidente. Marcelo, indiretamente, ajudou o presidente. Foi um voto a mesmo para a oposição, ajudando Temer a garantir a vitória.

Ao mesmo tempo, ele garante assim que não poderá ser chamado de traidor pelos petistas do Piauí. Marcelo é visto com bons olhos na legenda do governador Wellington Dias (PT). Há petistas que defendem o nome dele como candidato ao Senado em 2018. Se não votou, não traiu o Partido dos Trabalhadores.

Na relação com o PMDB nacional, o deputado evita problemas com a sigla e não poderá ser acusado futuramente de desobedecer o partido. O PMDB fechou questão para que todos os deputados votassem favorável ao presidente.

A decisão da Câmara Federal de arquivar o processo terá consequências futuras para o país. Se positivas ou negativas só o futuro irá dizer. Mas em ambos os casos, Marcelo poderá dizer que não tem responsabilidade já que não votou. Como Pilatos, lavou as mãos.