EX-PRESIDENTE DO PP RECEBIA MESADA DE YOUSSEF

O ex-deputado Pedro Corrêa e também ex-presidente do PP, que já foi condenado no processo do mensalão, continuou recebendo uma espécie “mesada” mesmo após ter tido o mandato cassado na Câmara dos Deputados em 2012. Alguns pagamentos, de acordo com a Polícia Federal, foram feitos pelo doleiro Alberto Youssef.

A informação foi dada pelo delegado federal Márcio Ancelmo nesta sexta-feira (10), quando a Polícia Federal deflagrou a 11ª fase Lava Jato. Corrêa foi um dos três ex-deputados presos nesta nova fase da operação.

O ex-parlamentar, que cumpre prisão em regime semiaberto pelo processo do mensalão, em Pernambuco, será levado para Curitiba. De acordo com a Polícia Federal, como o mandado contra ele é de prisão preventiva, a Justiça deve pedir a remoção de Corrêa para o Paraná.

“Segundo depoimento de delatores, ele recebia uma espécie de mesada. Nós identificamos uma série de pagamentos do Youssef que foi feita para ele [Pedro Corrêa], para familiares, para assessores e para empresas por ordem dele”, afirmou Ancelmo. Ainda conforme o delegado, as “mesadas” continuaram em virtude da força política de Pedro Corrêa.

Ivan Mernon da Silva Torres, ex-assessor de Pedro Corrêa também foi preso nesta fase. Ao todo foram sete pessoas detidas.

Ao G1, o advogado Marcelo Leal de Lima Oliveira, que representa o ex-deputado, afirmou que, por enquanto, não irá se pronunciar por não conhecer o conteúdo do decreto de prisão.

O doleiro Alberto Youssef é apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal o líder do esquema bilionário de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro. As investigações começaram com a atuação de alguns grupos de doleiros, se expandiram até a Petrobras e agora, a partir desta 11ª fase, chega a contrato de publicidade da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Ministério da Saúde.

As suspeitas
O nome de Pedro Corrêa apareceu nas investigações da Lava Jato a partir do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa em acordo de delação premiada.

Costa se comprometeu a passar informações sobre o funcionamento do esquema de desvio de dinheiro da estatal a partir de contratos firmados com empreiteiras e construtoras.

De acordo com Paulo Roberto Costa, Corrêa recebeu, de uma só vez, R$ 5,3 milhões em propina pelo esquema de corrupção na Petrobras.

O dinheiro, segundo Costa, foi repassado ao ex-deputado no primeiro semestre de 2010 e seria destinado para abastecer a campanha eleitoral de Pedro Corrêa naquele ano.

Paulo Roberto Costa disse à Polícia Federal que a quantia milionária paga a Corrêa tratava-se de um "repasse extraordinário, pois não era comum que um único parlamentar do PP recebesse uma quantia dessa monta do caixa de propinas do PP”.

Assim que a informação se tornou pública, o advogado do ex-deputado afirmou que desconhecia o recebimento de qualquer quantia em dinheiro para o financiamento de campanha de cliente.

Costa disse também que Pedro Corrêa recebia "parte dos repasses periódicos destinados ao PP e oriundos das propinas pagas nos contratos firmados no âmbito da Diretoria de Abastecimento".

Propina para o PP
Segundo depoimento de Paulo Roberto Costa, a legenda ficava com um terço do valor dos contratos fechados pela diretoria de Refino e Abastecimento, que ele comandava. Os outros dois terços, relatou o ex-dirigente da estatal, eram repassados ao PT.

Após a morte do ex-deputado José Janene (PP), Youssef passou a operar a propina do partido, informou Costa. Da cota do PP, detalhou o ex-diretor, 60% eram repassados para a direção do partido, 20% eram usados para emitir notas fiscais e outros 20% eram divididos entre ele e Janene.

Condenação no mensalão
O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu em 7 anos e 2 meses a pena do ex-deputado pelo PP Pedro Corrêa (PE), condenado no processo do mensalão por corrupção passiva (receber vantagem indevida) e lavagem de dinheiro. Ele foi recebeu ainda ainda multa de R$ 1,132 milhão.

Pedro Corrêa foi acusado de ter recebido dinheiro em troca de apoio no Congresso ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-deputado cumpria a pena em regime semiaberto no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA), em Canhotinho (PE).

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