Agência de risco muda nota de crédito brasileira para negativa

A agência de classificação de risco Fitch informou nesta quinta-feira (9) que manteve a nota de crédito do Brasil em BBB, mas alterou a perspectiva de estável para negativa. A nota do país ainda permanece dois "degraus" acima da perda do grau de investimento. A perspectiva negativa, segundo a Fitch, indica que a análise "não antecipa desenvolvimentos com alta probabilidade de levar a uma mudança positiva do rating".

De acordo com a agência, o contínuo baixo desempenho da economia, os crescentes desequilíbrios macroeconômicos, a deterioração fiscal e o aumento da dívida pública estão aumentando a pressão negativa sobre o perfil de crédito soberano do país.

"Enquanto o governo começou um processo de ajuste macroeconômico para impulsionar a credibilidade e a confiança, riscos negativos relacionados à sua implementação efetiva e durabilidade persistem, especialmente no contexto de um ambiente econômico e político desafiador", diz a Fitch em comunicado.

A agência aponta ainda que as contas públicas tiveram uma deterioração marcante no ano passado, com o déficit fiscal do governo chegando a 6,5% do Produto Interno Bruto, e o país registrando seus primeiros déficits primários em vários anos.

"A Fitch projeta que o déficit públicao vai seguir alto em 2015-2016, graças a dificuldades em alcançar o superávit primário e gastos com juros".

Contam a favor do Brasil, por outro lado, a diversidade econômica, instituições civis relativamente desenvolvidas, uma forte capacidade de absorção de choques sustentada por uma forte posição em reservas internacionais, seu status como credor internacional e um sistema bancário adequadamente capitalizado.

"Adicionalmente, a composição dos débitos do governo melhorou em anos recentes, reduzindo os riscos monetários de juros", diz a Fitch.

Outras agências
No mês passado, a agência Standard & Poor's decidiu manter a nota brasileira em "BBB-", com perspectiva estável. O patamar é o mais baixo dentro do grau de investimento.

O grau de investimento é um selo de qualidade que assegura aos investidores um menor risco de calotes. A partir da nota de risco que determinado país recebeu, os investidores podem avaliar se a possibilidade de ganhos (por exemplo, com juros maiores) compensa o risco de perder o capital investido com a instabilidade econômica local.

De acordo com a S&P, a avaliação reflete a expectativa de que o ajuste fiscal em andamento "vai continuar recebendo apoio da presidente Dilma Rousseff e do Congresso, restaurando gradualmente a credibilidade política perdida e abrindo caminho para uma perspectiva de crescimento mais forte no próximo ano".

Terceira grande agência de risco, a Moody's se manifestou pela última vez sobre o rating brasileiro em setembro. Na ocasião, ela alterou a perspectiva do rating dos títulos do governo brasileiro de "estável" para "negativa". Em outubro de 2013, a Moody's já havia rebaixado a perspectiva da nota da dívida do Brasil de "positiva" para "estável".

Fonte: G1

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