A Rede Sustentabilidade, com pouco mais de três meses oficialmente efetivada, vem com um bom número de diretórios para a disputa do pleito deste ano. No linguajar do novo partido, diretório significa Elo. Com formação diferenciada, prezando pelo colegiado, a nova agremiação horizontaliza as relações de poder interno para distribuir melhor a responsabilidade das decisões e caminhos a tomar por seus membros.

Em Teresina, a Rede conta com um Elo formado por quinze integrantes. Oficializado em 1º de abril, o grupo está iniciando as conversações para montar estratégias e seus planejamentos para a eleição na capital. Por enquanto, o Elo está cauteloso, aguardando o desenrolar dos acontecimentos políticos em nível nacional para, finalmente, referenciar-se e definir seu posicionamento no cenário municipal.

Não muito diferentemente, os demais Elos em cidades de norte a sul do Piauí, que somam 40, também estão em compasso de espera para os próximos 15 dias, quando deve ser votada na Câmara Federal a abertura ou não do processo do impeachment da presidente Dilma, para ulterior julgamento no Senado. Na verdade, a celeuma que ocorre em Brasília atinge a todo o universo político brasileiro e qualquer atitude neste momento pode ser uma passo precipitado, com graves consequências no futuro próximo.

Elo de Teresina tem perfil maduro

Cada Elo constituído da Rede é representado publicamente por dois porta-vozes, preferencialmente de gêneros diferentes. Em Teresina, os eleitos são Clene Cândido e Arly Barros. Ambos tem um extenso histórico de luta por bandeiras relacionadas ao meio ambiente, o tema que representa o verdadeiro DNA do partido. Vigilantes com o agravamento da crise planetária em relação aos recursos naturais, os porta-vozes estão focados no desenrolar do manejo sustentável das riquezas da capital piauiense.

Clene Cândido tem 46 anos, é formada em Administração de Empresas e, atualmente, cursa o segundo ano de Direito. Entre várias bandeiras de luta política, destaca-se pela dedicação às causas de proteção dos animais e da preservação dos mananciais aquíferos. A porta-voz do Elo teresinense defende que as mulheres devem criar condições para ter mais espaço na política e participar mais ativamente das importantes decisões de igual para igual com seus complementares de gênero.

Para Clene, se as mulheres não se agregarem e reforçarem suas conquistas, sempre vão estar no papel de coadjuvante. Para ela, é fundamental que a participação feminina, com a delicadeza e a capacidade de empatia peculiar ao gênero, possa servir de sustentação às plataformas estabelecidas no estatuto da Rede, que fomentam uma postura de luta, mas também de paz.

Arly Barros, 60 anos, é radialista, iniciando sua trajetória em Fortaleza, na rádio Dragões do Mar, em 1975. Além de administrador de empresas e empresário do ramo da construção civil. Barros, que já foi membro do Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente, atualmente exerce a função de conselheiro do FNMA, Fundo Nacional do Meio Ambiente, ligado ao Ministério do Meio Ambiente. O órgão tem cinco membros. Um para cada região do país. Arly representa o nordeste.

Presidindo a Funpapi - Fundação de Proteção ao Meio Ambiente e Ecoturismo do Piauí, ONG que mantém diversos projetos ligados ao segmento, posiciona-se politicamente em relação ao pleito que se dará em outubro. Barros defende que a Rede tenha candidato próprio à prefeitura da cidade. Mesmo aberta a alianças, Arly acredita que a disputa é uma boa oportunidade para a agremiação revelar ao grande público os reais problemas ambientais de Teresina.

Crítica a Firmino Filho

O porta-voz da Rede Sustentabilidade na capital aproveitou a entrevista que fiz na manhã de hoje, 6, e deu o tom dos possíveis embates com a administração da cidade. "Teresina, que está no Livro dos Recordes como o maior corso do mundo, brevemente deve estar também como o maior lava jato do planeta". Ele faz o alerta sobre os "mais de 800 lavadores de veículos", que jogam efluentes no Rio Parnaíba, aumentando a degradação do maior rio nordestino genuinamente piauiense.

Barros criticou a postura de inércia do prefeito, que "não faz nada para mudar esta triste realidade com o Velho Monge", concluiu. A liderança da Rede disse ainda que são dezenas de problemas ambientais que Teresina vem passando e a administração pública faz vistas grossas, concorrendo para agravar os problemas. A defesa do Rio Parnaíba já é a principal bandeira de luta que deve produzir um bom debate nos próximos meses.

Uma nova agenda política

Com uma postura afirmativa e intransigente na defesa do meio ambiente, tendo como referência a sustentabilidade, a Rede traz uma agenda política renovada para o bom combate nesta eleição. Muitos dos fatos que estarão na berlinda já são bem conhecidos pela sociedade piauiense. A diferença está na apresentação de propostas com soluções claras, que serão colocadas como implantação de políticas públicas.

Se faltava algo novo no universo da disputa eleitoral para este ano, a Rede vem com um grupo de bons quadros ligados ao ambientalismo. Com larga experiência no debate e profundo conhecimento do segmento, as pautas da área hão de enriquecer as ideias na disputa em Teresina. As cartas estarão dispostas na mesa do jogo político na melhor oportunidade, segundo revelam as lideranças do partido.

Apesar de uma estrutura ainda limitada, com a agremiação em franca construção, o grupo demonstra boa disposição para encarar os problemas ambientais teresinenses e piauienses de frente. Os líderes da Rede têm a consciência que o objetivo maior nestes primeiros passos, participando pela primeira vez de uma eleição, nem é exatamente a grande conquista de mandatos, mas a de abrir espaço e trazer à baila temas de grande interesse dos cidadãos.