O povo só quer ser feliz

13 de março de 2016, a maior manifestação popular de todos os tempos traz uma grande quantidade de anseios de sua heterogênea massa de participantes. Mas uma delas é bem clara e converge o interesse comum: o fim da corrupção. Uma grande utopia. Querer o fim dos atos que estão entranhados nas práticas políticas é ilusão. Mas buscar caminhos para que as terríveis estatísticas da contaminação de "algo em troca", em comissão, para "ter outro tanto", é mais factível. 

Farrol da Barra, Salvador (BA), na manhã de ontem (G1)

Em meio aos fanáticos, fundamentalistas e toda sorte de comportamentos extremistas, há uma grande maioria que quer apenas decência. Nenhum milagre ou busca de "salvador da pátria", mas dias mais fecundos, com aplicação de recursos maciços em benefícios sociais e não o oposto endêmico do escoamentos de verbas públicas pelo ralo da malversação. 

Há um recado claro e assustador à classe política, quando alguns dos que chamaram às ruas, fazendo as vezes de oposicionistas ou dizendo-se solidários com os interesses populares, foram achacados e sentiram-se desconfortáveis com os apupos dos manifestantes, obrigando-se a retirarem-se dos locais dos protestos.

Manifestantes sempre usam o bom humor

Os manifestantes enxergaram oportunismo. Um interesse em ficar com o butim do que pode vir, caso o governo desmorone. A herança da implosão governamental acende o desejo de muitos pela caneta e a cadeira do poder central, mas não com o consentimento popular. Que situação. Que sufoco passaram algumas cabeças coroadas, ontem, na Avenida Paulista, centro da catarse que balançou o país. Os números pessimistas apontam para algo em torno de 3 milhões de brasileiros nas ruas. Os otimistas chegam a mais de 7 milhões de brazucas insatisfeitos com o governo, partidos e políticos.

Conheço gente honesta, proba, decente e comprometida em todos os partidos. Todos. Também existe o oposto das virtudes em todos eles. O problema não é um partido em si. É sandice apontar a culpa dos desmandos e condenar apenas uma agremiação política. Muito menos está no maniqueísmo que tenta satanizar um partido e endeusar outro, com dedos apontando opostamente seus adversários. A certeza é que todos querem se passar de vítima.

Avenida Paulista (SP), na tarde de ontem (Folha)

Ainda é cedo para apontar no que vai dar este grande caos político e econômico que atravessamos. Mas, uma coisa é certa, temos que interrompê-lo urgentemente, sob pena de perder todos os avanços conquistados duramente. As autoridades devem responder com atos claros aos anseios populares, ou o caldo das manifestações há de engrossar a ponto de pulverizar qualquer poder político, inclusive o auferido pelo voto. Sensatez, lucidez, clareza e sabedoria para os nossos governantes! 

Comente aqui