Lázaro José da Silva, o Lázaro do Piauí, desponta como o primeiro pré-candidato a vereador de Teresina representando a Cultura. Esteve como presidente da Fundação Cultural Monsenhor Chaves até a última sexta-feira, 1. O braço da prefeitura para a execução de políticas públicas ao setor agora está sob a batuta do engenheiro agrônomo, Paulo Murilo Soares Moreira Lima, indicado por Lázaro.

Na TV, Lázaro mantém o programa Nossa Terra, que vai ao ar aos domingos na Antena 10. No rádio, aos sábados, o músico e comunicador leva ao ar pela Teresina FM, 91,9 Mhz, um programa de variedades com o toque nordestino, trazendo os clássicos do cancioneiro sertanejo e os novos talentos que despontam, além de entrevistas com artistas e autoridades diversas. Pelo prazo estabelecido pelo TSE, tem até o dia 30 de junho para aproveitar a boa vitrine.

Depois daí, é muita conversa, pé no chão e seja o que Deus quiser. Apesar de ter pesquisas favoráveis durante toda a sua gestão à frente da FCMC, apontando-o como o melhor gestor do staff da PMT, Lázaro não é unanimidade no setor cultural. Com exceção dos músicos, noutros segmentos recebe uma boa resistência, quando não enfrenta uma saraivada de críticas ácidas à sua gestão.

Em busca de votos culturais

Entre os seus companheiros do mundo musical, vai muito bem obrigado. O artista deve receber o apoio oficial de entidades ligadas a organização dos seus pares musicais. Aliás, um dos grandes feitos que deixa uma bela página em sua administração na Monsenhor Chaves é a criação da Orquestra Sanfônica Dominguinhos, que abriga os folistas e tem levado o encantamento de um dos instrumentos mais ligados à cultura musical popular nordestina.

Nos setores teatral e da dança, Lázaro não conseguiu manter os festivais marcantes a todo vapor. Há muitas reservas dos artistas que militam no segmento, que apesar de não muito numerosos, são bem articulados e com grande capacidade de mobilização. Nas cênicas, especialmente, o ex-gestor trouxe um substituto ao Festival de Monólogos Ana Maria Rêgo, que já foi referência nacional. 

Agora a FCMC abriu espaços aos artistas do tablado através da Mostra de Teatro, que vai fazer circular a produção. Ainda dá tempo de fazer as pazes com o setor onde estão abrigados os mais politizados artistas de Teresina. O apoio deles é fundamental para Lázaro.

A boa notícia que vai se transformar em realidade nos próximos dias é a Nova Lei A. Tito Filho, que agora vai ter 3% do que arrecadar a PMT do IPTU e ICMS. Provavelmente, cerca de 1 milhão de reais estarão disponíveis para fomentar a realização de bens culturais aos teresinenses, anualmente. 

Vai ser um bom cavalo de batalha eleitoral para Lázaro, principalmente porque estendeu a Lei para o mecenato, destravando outra modalidade para captação de recursos. O que era um "calcanhar de Aquiles", no apagar da luzes de sua administração na FCMC, passa a ser a principal arma para concentrar forças e motivar os artistas a caminhar ao seu lado na peleja eleitoral.

Estratégia de conquista

Marketeiro inato, Lázaro tem uma visão muito bem assentada do campo em que está inserido e como potencializar suas virtudes publicizando seus feitos. Mesmo com a aceitabilidade em pesquisas de aferição de aprovo administrativo, ele sabe que transformar os pródigos números estatísticos em votos são outros quinhentos. É preciso fazer a alquimia da conquista falar mais alto. No seu caso, cantar mais alto.

No quesito musical, o artista certamente é um dos maiores jingleiros populares que se tem notícia. Sua produção é em escala industrial. O que não o faz perder o rigor de qualidade e o toque de Midas em tudo o que, literalmente, toca. Da Silva, que já esteve no PT, é o autor do conhecidíssimo jingle "Deixa o homem trabalhar", que marcou o segundo turno da reeleição do ex-presidente Lula. Agora no ninho tucano, Lázaro fez uma versão onde mostra seu arrependimento pela criação aos petistas e louvando Aécio Neves.

Uma boa plataforma política para Lázaro conquistar de vez o coração dos artistas, beletristas e afins, seria lutar pela transformação da Fundação Cultural em Secretaria de Cultura. Um passo importante para estar em dia com o Plano Nacional de Cultura, facilitando a relação com o Ministério da Cultura e viabilizando um grande número de acessos às verbas públicas disponíveis em nível federal. 

Os militantes do setor cultural anseiam e aspiram por esta conquista. Se quiser pulverizar de vez a resistência da comunidade artístico-cultural e transformá-la em votos, o toque mágico está no compromisso de avançar para a criação da Secretaria Municipal de Cultura de Teresina. Uma aposta certeira.

Samba, suor e votos

Entre os mais vistosos feitos sob seu comando na Fundação, sem dúvidas, está a revitalização do carnaval das Escolas de Samba, que este ano surpreendeu com um número significativo de foliões na avenida, apoiando e incentivando a iniciativa. O Corso, mantém-se gigantesco e é um belo cartão postal no período momesco para a capital. Entretanto, captar votos destes setores e canalizá-los para a sua eleição está mais para fantasia de carnaval.

O Concurso de Sambas e Marchinhas também marca positivamente sua gerência na Monsenhor Chaves, mas, mais uma vez, privilegia o segmento musical, deixando outros áreas da cultura com o pé atrás. Nas querelas de bastidores artísticos, esta é a principal queixa. Muitas demonstrações de bem querência a um setor e pouco ou quase nada aos demais. Se justas ou não, elas existem e precisam ser dirimidas em tempo hábil para o pré-candidato não sambar debaixo do boi.

Independente de suas estratégias, Lázaro do Piauí é um belo exemplo de vivacidade e carisma, que também somam em energia na catalização de sufrágios. Pé quente, resiliente e boa praça, o artista deve fazer uma campanha com chances reais de figurar entre os eleitos e mudar da gestão cultural para uma cadeira na Câmara Municipal.