UMBANDISTAS DIZEM TER SIDO DESRESPEITADOS NA CÂMARA DE TERESINA

Assunção Aguiar expõe indignação (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Uma audiência pública para discutir o tema intolerância religiosa estava prevista para esta quarta-feira (6) na Câmara de Teresina. A proposta foi do vereador Venâncio Cardoso (PP), que tem demonstrado preocupação com os constantes ataques a terreiros de umbanda na capital. Um grupo de umbandistas e representantes de movimentos negros chegou cedo para a audiência, mas se revoltou com a demora na sessão. Perto do meio-dia, os vereadores seguiam debatendo outros temas enquanto o grupo esperava.

“Isso já é intolerância. Que relevância social isso que foi pautado aí tem para nós? Quanto tempo foi gasto para saber se vai ou não vai ter a liberação do semáforo na madrugada? Foi tanta coisa que nós ficamos ali pensando qual a relevância isso teria para o nosso povo. Estava previsto para as 10h. Todo mundo tem sua ocupação e os pais de santo também têm. Hoje eu saí de Oeiras para vir para cá”, desabafou a Mãe Ruthineia de Iansã, coordenadora estadual do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-brasileira (Cenarab).

Os umbandistas lembraram que hoje, 6 de setembro, é o Dia Estadual da Consciência Negra e por isso a Câmara de Teresina deveria ter dado prioridade à audiência que tinha horário marcado. Ao invés disso, os vereadores passaram a manhã inteira discutindo projetos que poderiam ser adiados, prolongando debates e fazendo infinitos apartes. “Falam na questão da intolerância e não têm nenhum respeito”, disse o ogan de Candomblé Gilvano Quadros.

Grupo cansou de esperar pela audiência (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

O vereador Venâncio Cardoso ainda tentou convencê-los a esperar, mas o grupo não voltou atrás e se retirou da Câmara. Eles fizeram questão de dizer que a iniciativa do parlamentar é louvável, mas externaram a indignação após duas horas de espera.

“Se essa Casa formula leis, é aqui que nós deveríamos pensar estratégias para superar o racismo e a intolerância. Se eu sou convidado para um aniversário, chego na tua casa e tu não me serve bem, significa dizer que nós não somos bem-vindos. É isso que precisamos refletir. Estamos tratando de um segmento que precisa ter voz nesta Casa”, falou Assunção Aguiar, militante na defesa do povo negro. O desabafo foi feito na frente vereador Venâncio.

O parlamentar pediu desculpas pelo ocorrido, justificou que não dependia apenas dele encerrar a sessão para iniciar a audiência e combinou a marcação de uma nova data.

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