Uma obra milionária concluída há dois anos e nunca inaugurada no sertão do Piauí. Essa é a realidade de uma escola padrão Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (FNDE) entregue em 2014 no município de Dom Inocêncio, a 615 km de Teresina, mas nunca colocada em funcionamento pelo governo do estado. Sem uso, o local virou alvo de pichações e o dinheiro público investido se corrói com o passar do tempo.
A escola de R$ 1,7 milhão começou a ser construída na gestão do ex-governador Wilson Martins (PSB) e terminada no governo Zé Filho (PMDB). A construtora R. Melo, responsável pelo empreendimento, diz que entregou a obra no final de 2014. A área possui 400 metros quadrados, 10 salas de aula, pátio, refeitório, quadra esportiva coberta e vestiários, espaços que se degradam com a mesma intensidade dos ventos da região.
De acordo com a gestão anterior da Secretaria de Educação do Piauí (Seduc), a escola padrão FNDE de Dom Inocêncio teria a finalidade de oferecer ensino profissionalizante para jovens da região e ainda sediar um polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB) aprovado para o município em 2013. A construção empregou cerca de 30 trabalhadores locais e alimentou a esperança de uma nova modalidade educacional na região.
Passados dois anos, nenhum aluno estudou na escola e quem precisa fazer um curso profissionalizante tem que deixar o município. Dom Inocêncio possui uma das maiores extensões territoriais do estado e já foi celeiro da educação piauiense nas décadas de 1980 e 1990. O colégio grande e com estrutura sofisticada também tinha a finalidade de contemplar a tradição educacional que marcou época no município.
1,7 MILHÃO SEM NECESSIDADE
Procurada pelo Política Dinâmica para explicar porque nunca colocou a escola para funcionar, a atual gestão da Seduc disse que o colégio foi construído sem necessidade e ainda mencionou que questões políticas teriam motivado a sua construção em Dom Inocêncio. A secretaria informou que já foram abertas matrículas para o ensino profissionalizante no local, mas não houve demanda. Alega também a existência de outra escola estadual relativamente próxima.
“O problema foi a construção. Ela não era para ter sido construída. É uma escola que já foram abertas inscrições, mas não dá alunos suficientes para poder abrir”, informou por meio da assessoria de imprensa.
Diante da situação, a Seduc diz que agora tentará emplacar a modalidade Pro-EJA no local. O modelo, segundo a secretaria, consiste em matricular pessoas que não terminaram os ensinos fundamental ou médio, mas fazendo ao mesmo tempo um curso técnico profissionalizante. Sobre a UAB, a intenção do governo é instalar os polos ainda este ano e, conforme a Seduc, um edital deverá ser lançado com as vagas.
O Política Dinâmica tentou falar com o deputado federal Átila Lira (PSB) na manhã desta quarta-feira (11). Átila foi o secretário de Educação que destinou a escola para o município de Dom Inocêncio. Apesar das tentativas, as ligações não foram atendidas.
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