SEDUC AVALIA OBRA MILIONÁRIA COMO DESNECESSÁRIA

Sem funcionamento, escola foi pichada (Foto: Gustavo Almeida/PoliticaDinamica.com)

Uma obra milionária concluída há dois anos e nunca inaugurada no sertão do Piauí. Essa é a realidade de uma escola padrão Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (FNDE) entregue em 2014 no município de Dom Inocêncio, a 615 km de Teresina, mas nunca colocada em funcionamento pelo governo do estado. Sem uso, o local virou alvo de pichações e o dinheiro público investido se corrói com o passar do tempo.

A escola de R$ 1,7 milhão começou a ser construída na gestão do ex-governador Wilson Martins (PSB) e terminada no governo Zé Filho (PMDB). A construtora R. Melo, responsável pelo empreendimento, diz que entregou a obra no final de 2014. A área possui 400 metros quadrados, 10 salas de aula, pátio, refeitório, quadra esportiva coberta e vestiários, espaços que se degradam com a mesma intensidade dos ventos da região.

Mensagens de apoio ao PT dominam escola (Foto: Gustavo Almeida/PoliticaDinamica.com)

De acordo com a gestão anterior da Secretaria de Educação do Piauí (Seduc), a escola padrão FNDE de Dom Inocêncio teria a finalidade de oferecer ensino profissionalizante para jovens da região e ainda sediar um polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB) aprovado para o município em 2013. A construção empregou cerca de 30 trabalhadores locais e alimentou a esperança de uma nova modalidade educacional na região.

Passados dois anos, nenhum aluno estudou na escola e quem precisa fazer um curso profissionalizante tem que deixar o município. Dom Inocêncio possui uma das maiores extensões territoriais do estado e já foi celeiro da educação piauiense nas décadas de 1980 e 1990. O colégio grande e com estrutura sofisticada também tinha a finalidade de contemplar a tradição educacional que marcou época no município.

1,7 MILHÃO SEM NECESSIDADE
Procurada pelo Política Dinâmica para explicar porque nunca colocou a escola para funcionar, a atual gestão da Seduc disse que o colégio foi construído sem necessidade e ainda mencionou que questões políticas teriam motivado a sua construção em Dom Inocêncio. A secretaria informou que já foram abertas matrículas para o ensino profissionalizante no local, mas não houve demanda. Alega também a existência de outra escola estadual relativamente próxima.

“O problema foi a construção. Ela não era para ter sido construída. É uma escola que já foram abertas inscrições, mas não dá alunos suficientes para poder abrir”, informou por meio da assessoria de imprensa.

Foto tirada em 2013, na época da construção (Foto: Gustavo Almeida/PoliticaDinamica.com)

Diante da situação, a Seduc diz que agora tentará emplacar a modalidade Pro-EJA no local. O modelo, segundo a secretaria, consiste em matricular pessoas que não terminaram os ensinos fundamental ou médio, mas fazendo ao mesmo tempo um curso técnico profissionalizante. Sobre a UAB, a intenção do governo é instalar os polos ainda este ano e, conforme a Seduc, um edital deverá ser lançado com as vagas.

O Política Dinâmica tentou falar com o deputado federal Átila Lira (PSB) na manhã desta quarta-feira (11). Átila foi o secretário de Educação que destinou a escola para o município de Dom Inocêncio. Apesar das tentativas, as ligações não foram atendidas.

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