Com medo de um processo de impeachment, o presidente Jair Bolsonaro negocia troca de cargos no governo federal com políticos do Centrão. Eleito prometendo uma nova política, Bolsonaro está atraindo para seu governo nomes como Roberto Jefferson (PTB), condenado no Mensalão, Valdemar Costa Neto (PR), também condenado no Mensalão, Pastor Marcos Pereira (Republicanos) investigado na Lava Jato, Gilberto Kassab (PSD) acusado de receber propina da JBS e Ciro Nogueira (Progressistas), alvo da Lava Jato.

No começo do mês, Bolsonaro esteve reunido com Ciro Nogueira. Para o Progressistas, o maior partido do Centrão, cujo presidente nacional é o senador piauiense, Bolsonaro avalia entregar o comando de órgãos como o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs).

Quem vê Ciro hoje se aproximando do governo talvez não lembre de uma entrevista dada por ele em novembro de 2017 à TV Meio Norte. Naquela ocasião, o jornalista Amadeu Campos perguntou ao senador o que ele achava dos pré-candidatos a presidente da República. Chamou atenção as respostas de Ciro sobre Bolsonaro (hoje sem partido) e Lula (PT). Na época, o petista ainda não havia tido seu pedido de registro de candidatura negado pela Justiça Eleitoral.

Sobre Bolsonaro, Ciro disse que era um fascista, de discurso fácil, sem experiência administrativa e concluiu que o candidato não lhe atraía. "O Bolsonaro eu tenho muita restrição porque é um fascista. Ele tem um caráter fascista, preconceituoso. É muito fácil você ir para a televisão dizer que vai matar bandido. É um discurso muito fácil, mas isso não é para presidente da República. O Bolsonaro não tem capacidade de governar. Ele nunca geriu nada. Só esse discurso de que vai matar bandido não me atrai", disse.

Já sobre Lula, arqui-inimigo da família Bolsonaro, Ciro Nogueira rasgou elogios, disse que foi o melhor presidente da história do Brasil e admitiu que seu voto na eleição de 2018 era dele. Vale lembrar que, embora Lula não tenha sido candidato, Ciro fez campanha para senador no Piauí usando o nome do petista e dizendo ser seu aliado.

"Foi o melhor presidente da história desse país, principalmente para o Piauí e o Nordeste. Tenho que pensar no Brasil. Eu não me vejo numa eleição votando contra o Lula, por tudo que ele fez, por tudo que ele tirou da miséria. Estou falando aqui pelo Progressistas do Piauí: o Lula é o meu candidato a presidente", afirmou na ocasião.

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