O PIAUÍ ESTÁ DE PÉ?

Discurso do início do governo contraria a propaganda (Foto: Reprodução/YouTube)

Três senhores, cada um com mais de 80 anos, conversam no banco de uma praça. Afobado, um deles afirma que ainda "dá no couro" com qualquer menina nova. Outro não ficou atrás e garantiu a mesma coisa. O que estava no meio não arriscou falar o mesmo que ouvira dos colegas. Ao final da conversa, saiu encabulado. Procurou um médico e perguntou porque seus dois amigos ainda tinham aquele vigor e ele não. Queria saber como conseguir. O médico, então, disse que só tinha um jeito dele conseguir: mentindo, igual seus dois amigos.

Pois bem. Na campanha de 2018, uma música de campanha do atual governador Wellington Dias (PT) dizia que o Piauí estava de pé. Num ritmo empolgante, o jingle bem produzido dizia que a educação estava de pé, que a saúde estava de pé e que quem criticava estava lelé. Bom de campanha como poucos homens na história desse Estado, Wellington foi reeleito para o quarto mandato de governador no primeiro turno, deixando seus adversários na poeira.

Eis que entra 2019 e o que vemos não parece combinar com aquele jingle envolvente que dizia que o Piauí estava de pé. Na Saúde, hospitais regionais agonizam e servidores terceirizados enfrentam até três meses de salários atrasados. Na Maternidade Dona Evangelina Rosa, dezenas de bebês morreram somente depois que o jingle foi produzido. Por último, até um gato foi encontrado ao lado de um recém-nascido em uma incubadora na maternidade, conforme noticiaram vários veículos de imprensa.

Na Educação, a coisa anda complicada há muito tempo. Falta de transporte escolar, esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal e Uespi agonizando de Norte a Sul. Nesse momento, professores lutam por reajuste salarial e estão de braços cruzados implorando para que o Governo conceda aumento. O sucateamento da instituição é denunciado em todos os campi e alunos e professores protestam por melhores condições na universidade.

Na Segurança, não é raro vermos viaturas sendo empurradas por falta de combustível e outras dão o prego no meio de operações. Na cidade de Caracol, no Sul do Piauía viatura em situação precária não tem condições de rodar para canto nenhum e os policiais usam um veículo modelo Cross Fox de placa clonada para fazerem a segurança da população. O carro foi apreendido e cedido ao Grupamento de Polícia Militar (GPM) pelo Poder Judiciário.

Recentemente, um decreto baixado pelo governador vetou qualquer assinatura de novas ordens de serviço para obras no Estado. Ou seja, além das obras que andam a passos de tartaruga e das muitas que estão paralisadas, nenhuma outra poderá ser iniciada, conforme estipula o documento. No Extremo Sul e em diversas partes do Estado, rodovias estaduais estão em péssimas condições e nenhuma providência tem sido tomada diante da realidade.

Em diversos órgãos da administração estadual, servidores terceirizados cobram pagamentos de salários e reclamam do descaso do governo. No semiárido, obras de adutoras estão paradas enquanto a população sertaneja continua a viver na dependência histórica de carros-pipa. Na capital, aprovados em concursos realizam manifestações constantes cobrando nomeações que nunca são feitas. O governador alega que o Estado extrapolou o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) com despesas de pessoal.

Com tantos problemas, onde existe esse Piauí de pé? É provável que, se algum piauiense procurar um oftalmologista para conseguir enxergar esse Piauí que está de pé, certamente o doutor dirá que só tem um jeito de vê-lo: mentindo, igual a quem diz que ele existe.

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