É PRECISO CONVERSAR COM O POVO

Juristas Sigifroi Moreno, Norberto Campelo e Valter Rebelo (Fotos: PolíticaDinamica.com)

Diante da crise de credibilidade que atinge a maioria dos chamados “políticos tradicionais”, temos visto uma cobrança pelo aparecimento de novas figuras no cenário político. Partidos tentam atrair nomes que se destacam em outros segmentos e que podem representar uma roupagem inovadora. São os chamados “não políticos”, apesar de eu discordar do termo.

No Piauí, as articulações políticas caminham nesse sentido. A “novidade” mais comentada é o advogado e ex-conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Norberto Campelo. O também advogado Sigifroi Moreno, ex-presidente da OAB-PI, é outro que tem despertado o interesse de siglas partidárias e já admitiu a intenção de disputar um cargo eletivo em 2018.

Nomes como o do empresário André Baía e do advogado Valter Rebelo também estão no bojo desse novo momento. Devemos destacar que o aparecimento de novas pessoas com interesse pela política é muito positivo e deve ser comemorado. Mesmo que os atuais políticos fossem bons o suficiente, ainda assim o surgimento de gente nova seria necessário.

No entanto, existe um fator crucial a ser lembrado: o povo. O que se vê atualmente são conversas e negociações com partidos [e é óbvio que se precisa de um partido para se candidatar], mas o povo não tem sido incluído como deveria nesse processo. Antes de entrar numa campanha, é necessário ouvir a população e isso não tem se visto no caso dos novos nomes do Piauí. Assim, os políticos tradicionais acabam tendo vantagem, pois devido ao fato de serem conhecidos têm mais facilidades, inclusive para enganar o povo.

É preciso destacar que o Estado não se resume a Teresina, onde boa parte dos “não políticos” tem atuação profissional/empresarial reconhecida. O Piauí é também Morro Cabeça no Tempo, Geminiano, Capitão Gervásio Oliveira, Acauã e tantos outros. Qual a inserção dos novos nomes nesses rincões? O povo dessas localidades o conhecem? Quem vai apresentá-los a essa gente do interior? Seriam os políticos tradicionais que os levariam a esses lugares?

Devo destacar que esse texto não é uma crítica contra a novidade e nem tampouco uma análise que menospreza o potencial dos novos nomes. Pelo contrário, reitero que defendo o surgimento de pessoas novas e até que muitas delas sejam eleitas, pois nunca alguém poderá mostrar serviço na política se não tiver uma oportunidade.

No entanto, para que isso aconteça não bastam apenas reuniões em sedes de partidos, entidades, escritórios ou em auditórios com ar-condicionado na capital do Estado. É preciso botar a cara no sol, andar e falar com o povo também. Somente o discurso bonito e refinado não conquista o voto do rurícola que enfrenta o machado e a enxada. Essa gente também quer mudança e deseja novidades na política, mas é preciso se apresentar à ela. E já!

Comente aqui