CÂMARAS REJEITAM RECURSOS FESTEJADOS POR CIRO

Senador Ciro Nogueira, o governador e ministro em evento do Avançar Cidades na APPM, em 3 de julho de 2018 (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

No dia 3 de julho, o senador Ciro Nogueira (Progressistas) recebeu o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Nelson Antônio de Souza, numa badalada solenidade com dezenas de prefeitos de todo o Piauí na APPM. Na ocasião, foram anunciados mais de R$ 750 milhões em investimentos para mobilidade em 70 municípios.

Eram recursos do programa Avançar Cidades. Entre os beneficiados, estava o município de Queimada Nova, no semiárido piauiense. Ocorre que os recursos do programa são financiamentos, ou seja, as prefeituras terão que pagar. Não é dado, é emprestado! Como se trata de operação de crédito, era preciso passar pelas Câmaras Municipais. Em Queimada Nova, cujo prefeito Raimundo Júlio é do partido de Ciro, os vereadores derrubaram o projeto.

Prefeito Raimundo Júlio, da cidade de Queimada Nova, no evento da APPM em 3 de julho de 2018 (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Em sessão realizada esta semana, a oposição aproveitou que tinha maioria e rejeitou o projeto encaminhado pelo prefeito. O financiamento com dinheiro do Avançar Cidades beneficiaria o município com obras de asfaltamento. Três aliados do prefeito votaram a favor e os vereadores Carlos Amorim, Marcelino Gomes, Vadinho e George votaram contra.

Com o placar de 4 votos a 3, o projeto foi rejeitado. O vereador Adilson Coelho (PT) não compareceu e a presidente Joseane Ramos (PR) só votaria em caso de empate.

Em entrevista ao Política Dinâmica, o vereador Carlos Amorim (PSD), um dos que votou contra, explicou que não se trata de investimento, mas sim de endividamento. O parlamentar argumentou que o projeto enviado pela prefeitura não informava as taxas de juros aplicadas e nem sequer o valor das parcelas que seriam pagas pelo município à Caixa Econômica.

Câmara Municipal de Queimada Nova rejeito projeto (Foto: Portal AudiOnline)

Amorim disse que os recursos seriam pagos em 20 anos, o que só ajudaria a endividar a prefeitura. Ao todo, Queimada Nova receberia R$ 3 milhões do Avançar Cidades. O vereador ainda destacou que as ruas previstas para receberem pavimentação não são consideradas principais na cidade e que, embora o calçamento nelas também seja bem-vindo, não vale a pena tomar um financiamento nessas condições para pavimentá-las.

"É um valor muito alto para o município arcar. O projeto diz que era para ser pago em 20 anos, podendo ser prorrogado por mais quatro. O problema é o endividamento que causa ao município, um município que não tem segurança e a polícia vive com o golzinho, onde os ônibus do transporte escolar da rede municipal andam com os bancos mostrando a espuma. Se o município não está podendo fazer nada para amenizar isso, como é que pode fazer um endividamento desse tamanho?", questionou o vereador do PSD.

Prefeito assinou adesão, mas Câmara barrou (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica)

O parlamentar disse que a Câmara não poderia aprovar um projeto dessa natureza, sob pena de dar um tiro no escuro. "Nós já temos financiamento aqui junto à Eletrobras, de administrações passadas. E mais: a proposta da Caixa é em carácter irrevogável. A segurança é o desconto direto no FPM. Ou seja, se não pagar, desconta automaticamente. É como se fosse um empréstimo consignado. Queimada Nova é um município 0.6 no FPM", lembrou.

No município de Acauã, a 463 km de Teresina, a maioria dos vereadores também rejeitou projeto da prefeitura para obtenção do financiamento do Avançar Cidades.

O Política Dinâmica não conseguiu contato com o prefeito Raimundo Júlio, da cidade de Queimada Nova, para ele comentar as declarações do vereador Carlos Amorim.

Comente aqui