Um secretário bastante próximo a Firmino Filho (PSDB) será convocado a prestar esclarecimentos na Câmara Municipal de Teresina. Trata-se de Olavo Braz, que comanda a pasta do Meio Ambiente na capital. A aprovação de um requerimento para convocá-lo à Câmara contrariou os interesses da líder do governo Graça Amorim (PMB), que se viu quase isolada diante da rebeldia minuciosamente articulada por outros parlamentares governistas.

Nos bastidores, diversos vereadores falaram que a manobra foi um “recado” e também uma demonstração clara de que a base não está ali para dar amém a tudo que for de interesse do Palácio da Cidade. O autor do requerimento foi o vereador Joaquim do Arroz (PRP). Ele quer que Olavo Braz apresente informações à Câmara sobre todas as concessões de licença ambiental feitas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) nos últimos dois anos.

Antes de apresentar o requerimento, Arroz tinha criticado na sessão o fato de Olavo Braz ter embargado uma obra de um filho dele na zona rural de Teresina. Conforme o vereador, a Semam atropelou a legalidade e desrespeitou prazos ao adotar a medida sem oportunizar contestação. O vereador relatou que todo o processo está amparado na lei e ainda disse que a área da obra não está sob a jurisdição da Semam, mas sim de uma legislação federal.

A maioria dos vereadores da base, numa demonstração de apoio ao colega, votou pela convocação do secretário e impôs uma derrota à Graça Amorim, que votou contra e argumentou, em entrevista após a votação, que o colega estaria agindo em causa própria porque foi afetado por uma ação do secretário. Vendo o clima de derrota que pairava, ela nem chegou a orientar a bancada antes da votação. Apenas Joninha (PSDB) e Neto do Angelim (PSDC) acompanharam a líder. Teresinha Medeiros (PSL) se absteve. Graça ainda falou que o parlamento não pode ser utilizado para esse fim.

Nos bastidores, não se falou em outra coisa. Na mesma sessão, a base havia derrubado dois requerimentos do vereador Dudu (PT) que eram contrários aos interesses da prefeitura e logo em seguida aprovou a convocação de Olavo Braz, com o apoio da oposição. Conforme relataram em off alguns vereadores, a votação serviu de exemplo para mostrar que o Plenário da Câmara, quando quer, se impõe diante dos interesses de quem quer que seja.

O relato dos parlamentares é de que a articulação na base já não é mais exclusividade da líder Graça Amorim. A própria aprovação da reeleição para presidente da Casa, que beneficia o atual presidente Jeová Alencar (PSDB), deu o tom de que a liderança de Graça não funciona quando alguns vereadores mais influentes na base decidem fazer articulações paralelas. A vereadora ficou de fora das tratativas internas que resultaram na aprovação da reeleição.