AS MENTES PENSANTES DA CARTA DO PROGRESSISTAS

Freitas, Washington e Trabulo: o trio da carta (Fotos: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Um ex-governador do Piauí, um ex-secretário de Planejamento da Prefeitura de Teresina e um ex-superintendente do Sebrae. Freitas Neto, Washington Bonfim e Trabulo Júnior, respectivamente, foram as três mentes pensantes do estudo que resultou na Carta do Progressistas ao Piauí, documento entregue pelo partido do senador Ciro Nogueira ao governador Wellington Dias (PT) na semana passada. A carta propõe uma série de medidas para enxugar a máquina estadual a partir de janeiro. É uma "lista de tarefas" para o petista.

O Política Dinâmica entrou em contato com Washington Bonfim para saber mais detalhes sobre esse estudo que resultou na badalada carta. Queria números, dados e informações que deram embasamento ao conjunto de propostas contidas no documento. Washington, no entanto, não respondeu às mensagens enviadas. Atualmente, ele é filiado ao Progressistas e considerado um dos mais qualificados quadros técnicos quando o assunto é gestão pública.

Em seguida, o próximo procurado foi o próprio senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas, que assina a carta. Ele repassou à demanda para Trabulo Júnior, seu amigo pessoal e atual diretor da rádio CBN Teresina. Trabulo já foi superintendente do Sebrae/PI e integrou o time que realizou o estudo e elaborou a carta. Segundo ele, esse estudo começou a ser feito tão logo passou o primeiro turno das eleições, quando Ciro foi reeleito senador.

Ciro Nogueira assina a Carta do Progressistas (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

O Política Dinâmica queria saber, por exemplo, o valor [ou pelo menos uma base] de quanto o Estado pode economizar em dinheiro se adotar as medidas de contenção de gastos que foram propostas na carta do Progressistas. Trabulo informou que não é possível apontar essa informação. Segundo ele, para que esse dado seja obtido, é preciso ter acesso a números do terceiro governo de Wellington Dias que o partido não dispõe. Ele explica.

"Não posso precisar, pois temos que ter acesso aos números mais atualizados. Porém, sabemos do constante aumento das despesas obrigatórias e da necessidade de investimentos, assim enumeramos as ações [contidas na carta]. Para ter o número preciso é necessário termos valores atualizados, ter acesso aos números mais atuais", justificou.

A reportagem também quis saber quais órgãos do governo podem ser extintos e/ou fundidos, já que a diminuição de unidades gestoras é uma das principais sugestões da carta do Progressistas. Em um dos trechos do documento, o partido cobra: a) Redução do número de órgãos da administração direta e indireta; b) Redução do número de órgãos estaduais que atuam na área de infraestrutura e investimentos prioritários; c) Eliminação de todas as sobreposições de função existentes hoje no âmbito da administração pública estadual.

Apesar disso, Trabulo não citou nenhum órgão que o estudo verificou ser descartável na gestão de Wellington Dias ou que possa ser fundido com outra estrutura. Ele apenas reafirmou a necessidade da eliminação de "órgãos que têm sobreposição de funções e que podem se fundir". Insistimos para que ele citasse pelo menos um órgão, mas ele arrematou dizendo que a carta deu apenas a direção a ser seguida pelo governador. "Demos os caminhos, agora é aprofundar o estudo", se limitou a dizer.

Progressistas quer que W.Dias reduza máquina (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica)

OPINIÕES DIVIDIDAS
A Carta do Progressistas ao Piauí divulgada na semana passada foi bem recebida por lideranças da oposição e até por alguns governistas, mas houve quem não viu o documento com bons olhos. O ex-secretário de Administração e Previdência do governo Wellington Dias e deputado estadual eleito Franzé Silva (PT) classificou o carta como vaga. Segundo ele,  o documento é "abrangente em temas, mas vago em conteúdo e rumos".

Já o deputado estadual Gustavo Neiva (PSB) entendeu a carta como um "puxão de orelhas" do Progressistas no governador. Conforme o parlamentar, o documento apresenta exatamente todas as críticas que a oposição fez ao governo durante a campanha eleitoral. A opinião dele foi acolhida por outros oposicionistas. Enquanto isso, o presidente da Assembleia, deputado Themístocles Filho (MDB), questionou o porquê da carta só ter sido divulgada depois da eleição em que Ciro se elegeu no mesmo palanque de Wellington. 

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