NO BRASIL É ACEITÁVEL E ESTÁ TUDO “ÓTIMO, ÓTIMO”

Há a tentativa de naturalizar a relação que existe entre a política e os empresários no Brasil (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

Se os áudios gravados por Joesley Batista por si só já causam espanto pela naturalidade com que o presidente da República ouve os relatos de um empresário tentando obstruir o trabalho da Justiça, respondendo “Ótimo, ótimo”, chama mais atenção o discurso dos aliados do peemedebista que afirmam que isso “faz parte da política”.

Depois da nação ouvir o conteúdo dos áudios, assistimos agora a tentativa de naturalização da relação doentia que existe entre a política no Brasil e os grandes grupos empresariais.

Não é normal um presidente responder “Ótimo, ótimo” depois de um empresário relatar que tenta barrar uma investigação. Não é natural um presidente incentivar a relação entre o mesmo empresário e o ex-deputado Eduardo Cunha preso por crimes investigados pela mesma operação que o empresário tenta barrar.

Não, isso não é normal. O Brasil não pode aceitar mais que a política seja feita dessa forma. Não se pode mais aceitar o discurso de que isso é natural, que todos os políticos recebem propina e que essa práticas ocorrem desde que o Brasil foi descoberto e que, por isso, não precisam ser mudadas.

O Brasil passa por uma crise moral muito mais do que política e econômica. Todas as crises são dolorosas, mas são também momentos de transformação e a possibilidade da aplicação de mudanças. É o momento de naturalizar o discurso de que está errado esse tipo de comportamento e não existe nada de “Ótimo, ótimo” nisso. 

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