PIROTECNIA: TERMO DA MODA QUANDO INCOMODA

Em tempos de Lava Jato, a palavra pirotecnia, termo relacionado à ciência das matérias explosivas, tem sido bastante utilizada. Os que mais usam são aquelas pessoas alvos das operações, gente ligada a elas ou que simpatizam com elas. O ex-presidente Lula, por exemplo, é o maior expoente na utilização da palavra ao se referir às ações da Lava Jato.

Mas o uso do famigerado termo não se restringe apenas aos alvos da Lava Jato. No Piauí, a palavra também é usada e, exatamente, pelos mesmos motivos: se mexer com gente poderosa, logo vem alguém falar em pirotecnia por parte de quem investiga.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Estadual (Gaeco), sob comando do promotor Rômulo Cordão, deflagrou operações que não se costumava ver no Piauí. Vimos prefeito ser preso, ex-procurador-geral do MP ser preso e esquemas de corrupção em prefeituras desbaratados.

Diante das ações, logo surgiram pessoas para falar na tal pirotecnia. Na terça-feira (2), o deputado estadual João de Deus (PT) classificou uma das operações do Gaeco, realizada na cidade de Cocal, como pirotecnia. Um dos alvos foi o prefeito Rubens Vieira, que teve mandado de busca cumprido em sua residência.

No final de abril, uma ação do Grupo de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil (Greco) em um condomínio de luxo onde alguns moradores são suspeitos de furto de energia também foi taxada como pirotecnia. Pessoas ricas e bem vistas na sociedade teresinense moram lá e foram alvo da operação policial.

O interessante é que ninguém chama de pirotecnia as operações rotineiras que prendem “marginais” nas favelas e periferias das grandes cidades do país. Camburões da polícia sobem morros, dezenas ou centenas de soldados armados até os dentes escalam casebres e vielas de fuzis em punho. Ninguém diz que aquilo é pirotecnia.

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