EX-PROCURADOR-GERAL É PRESO SUSPEITO DE DESVIAR MILHÕES

Agentes da PRF e do Gaeco durante as prisões (Foto: Divulgação/PRF)

A luta contra a corrupção no Brasil é mais difícil do que se imagina. Essa prática danosa à sociedade parece ter raízes onde menos a população espera e quanto mais se investiga, mais se descobre o quão árdua é a missão. Nesta segunda-feira (24), a polícia bateu às portas de um ex-procurador-geral de Justiça e prendeu ele e membros da família em Teresina e Picos.

A acusação? Corrupção. De acordo com o Ministério Público do Estado do Piauí (MP-PI), baseado em relatório de processo de controle administrativo do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o ex-procurador-geral Emir Martins Filho é suspeito de desviar pelo menos R$ 8 milhões durante sua gestão à frente do Ministério Público, entre 2004 e 2008.

Agentes chegam à casa do ex-procurador-geral (Foto: Divulgação/PRF)

Além de Emir, mais quatro pessoas da família dele acabaram presas na operação batizada de "IL Capo". Relatórios de auditoria nas folhas de pagamento do órgão apontaram os desvios de dinheiro. Ele teria colocado os parentes na folha salarial. O MP investiga seu ex-gestor pelas práticas de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa.

CONTRASSENSO
Como se não bastassem as suspeitas de desvio de cifras milionárias contra um ex-procurador, algo que já é bastante grave, as investigações mostram outro contrassenso. O Ministério Público Estadual é um dos órgãos que mais choram por recursos na divisão do bolo orçamentário todos os anos. Em 2015, por exemplo, o MP reagiu contra o aumento de apenas 3,7% em suas receitas proposto pelo governo para 2016.

Naquela ocasião, integrantes do órgão reclamavam que o acréscimo não seria suficiente para melhorar a estrutura do MP e, sobretudo, para custear ações de combate à corrupção. Em audiência pública na Assembleia Legislativa, disseram que sem aumento ficava difícil combater o crime organizado, justamente do que está sendo acusado seu ex-procurador-geral preso nesta segunda.

É preciso reconhecer, por outro lado, que o próprio órgão dá exemplo ao investigar um dos seus integrantes. Mas não deixa de ser decepcionante saber que justamente quem deveria combater a corrupção tenha feito, segundo as investigações, exatamente o contrário.

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