DEPUTADO ADMITE QUE PEC FOI APROVADA PARA RETALIAR PROMOTOR

Petista criticou atuação do promotor do Gaeco (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

O deputado estadual e líder do governo na Assembleia Legislativa, João de Deus (PT), admitiu nesta terça-feira (2) em entrevista ao Política Dinâmica que a aprovação da PEC 02/2016, que exclui promotores da eleição para procurador-geral do Ministério Público Estadual, foi uma retaliação ao promotor Rômulo Cordão. Segundo ele, os deputados iriam arquivar a proposta, mas mudaram de opinião após entrevistas concedidas pelo promotor.

“Estava praticamente tudo pacificado para a gente votar de acordo com o entendimento do Ministério Público, embora já tivesse sido votada em primeira votação, mas precisava da segunda votação. Aí vai um membro do Ministério Público [promotor Rômulo Cordão] para as rádios e emite falas de ameaça e agressão. Nesse sentido, terminou fazendo com que, em uma reunião com os parlamentares, se chegasse a conclusão de que a única forma que tínhamos de revidar aquela provocação era votando favorável à matéria”, afirmou João.

Rômulo Cordão comandou grandes investigações (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica)

O deputado disse que o entendimento era pelo arquivamento após reivindicação dos membros do MP, mas a atitude de Rômulo Cordão fez os parlamentares mudarem de ideia. Nas palavras de João de Deus, a Assembleia optou pela aprovação da PEC para se impor diante do comportamento adotado pelo promotor.

“Aquela fala externa do promotor Rômulo, que foi inclusive foi publicada nos grupos de WhatsApp dos deputados, terminou atrapalhando o entendimento e provocando a Casa a reagir àquela fala dele e que, obviamente, não representava só ele, já que exerce uma função importante no Ministério Público. A Assembleia respondeu votando aquela matéria, achando que não deveria ceder às provocações que foram feitas”, falou.

ELE ACUSA RÔMULO DE PIROTECNIA EM INVESTIGAÇÕES
João de Deus afirmou que o promotor vinha agindo com “pirotecnia” nas investigações e criticou a operação Escamoteamento, que cumpriu mandado de busca na casa do prefeito de Cocal Rubens Viera, ligado politicamente a ele. Como coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Rômulo Cordão comandou outras grandes operações que prenderam prefeito e até mesmo um ex-procurador-geral do MP.

“É muita pirotecnia. Você vai investigar e antes de chegar às conclusões, você expõe as famílias e as pessoas. E muitas vezes o desdobramento é o arquivamento. A gente tem visto muita precipitação. Esse tipo de comportamento nós não podemos aprovar porque execra as pessoas publicamente como se fossem bandidas, antes que se tenha o julgamento”, falou.

João de Deus e Rubens Vieira durante comício na cidade de Cocal (Foto: Reprodução)

João ainda chegou a acusar Rômulo de informar o caso para diversos veículos de comunicação antes da deflagração da operação. “O que nós tomamos conhecimento é que três emissoras de televisão receberam telefonemas do promotor para que elas fossem até Cocal porque ia fazer a operação. Levaram 100 policiais. Um verdadeiro absurdo”, disse.

A reportagem do Política Dinâmica tentou falar com o promotor Rômulo Cordão, mas as ligações foram direcionadas para a caixa postal.

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