O secretário de Fazenda Rafael Fonteles foi à Assembleia Legislativa do Piauí nesta segunda-feira (5) prestar contas da situação financeira do estado aos deputados estaduais. Questionamentos ao secretário, o homem que mexe com o dinheiro, certamente não faltam, principalmente quando se sabe que a realidade das finanças não é nada boa.
Possibilidade de atraso de salários, dívida milionária com precatórios, empréstimos e mais empréstimos, queda de receitas, rombo milionário da Previdência, aumento de despesas, obras de infraestrutura totalmente comprometidas, atraso no pagamento de fornecedores, enfim. Os assuntos são diversos e todos de bastante interesse público.
Mas, diante de 16 deputados estaduais, Rafael Fonteles só foi questionado por dois durante praticamente toda a audiência. Gustavo Neiva (PSB) foi um deles: usou planilhas, levou informações de portais de transparência, apresentou dados de levantamentos que ele mesmo fez e questionou bastante o secretário. Uma oposição qualificada, é preciso reconhecer.
Robert Rios (PDT) também questionou do seu jeito peculiar. Criticou o governo, fez perguntas e ameaçou denunciar a administração estadual ao Ministério Público Federal (MPF). Ele criticou ainda a intenção do governo de tomar empréstimo para pagar precatórios e condenou as medidas paliativas adotadas por Wellington Dias para tentar amenizar a crise.
Foi isso! A audiência parecia ser apenas entre Rafael e eles dois. Enquanto Gustavo Neiva e Robert apertavam o secretário, cerca de 14 deputados estaduais presentes no encontro praticamente só ouviam e assistiam tudo. Não tinham nada a questionar. João de Deus, na condição de líder do governo, falou brevemente para cumprir o ofício. João Mádison também deu uma breve defendida, só para não perder o costume.
Foi o dia em que uma bancada silenciosa assistiu dois opositores perguntarem tudo, esclarecerem suas dúvidas e fazerem suas críticas. Os calados não disseram nada. Talvez eles não tivessem perguntas, não tivessem dúvidas e nenhuma crítica a fazer. Talvez a saúde financeira do estado não lhes preocupe. Nem mesmo uma sugestão ao secretário fizeram. Devem achar que está tudo legal. O silêncio deles foi ensurdecedor.
Comente aqui