Um dos principais assuntos do meio político no fim de semana foram as vaias duradouras ao senador Ciro Nogueira (PP) em evento petista na Câmara de Teresina. O episódio na presença do governador Wellington Dias e dos senadores Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann ocorreu a partir de uma falsa [e talvez proposital] informação, pois Ciro nem estava em Teresina naquele dia e foi chamado para compor a mesa de honra mesmo assim.

Mas se Ciro estivesse não faria o menor sentido ele aparecer por lá e nem tampouco se sentiria confortável naquele evento. O tom de todos os políticos presentes, sobretudo Lindbergh e Gleisi, - os convidados especiais - foi de constante ataque ao governo Temer e a todos que apoiaram a queda de Dilma. A artilharia pesada não cessou em nenhum momento contra políticos que contribuíram para a saída do PT do governo federal em 2016.

Se Ciro sentasse naquela mesa, certamente ficaria sem ter onde esconder a cara. Lindbergh e Gleisi atacaram partidos que apoiaram o que chamam de golpe, falaram grosso contra a Rede Globo e prometeram dar o troco em todos eles caso o PT volte ao poder. Nas palavras do senador carioca, o PT passou 13 anos no poder e não combateu aqueles que sempre quiseram combatê-lo. Olhando para Wellington Dias, Lindbergh disse que os petistas foram compassivos demais com essa turma que só quer o mau e a destruição do PT.

“Fomos frouxos com essa turma. Vamos eleger o Lula e vamos para cima deles”, falou para alegria e êxtase da militância que, claramente, detesta Ciro e o PMDB.

A presença do senador do PP ou de qualquer outro político que apoie Temer naquele evento seria um martírio e um grande constrangimento. As vaias foram dos militantes, é verdade, mas os ataques e as críticas ficaram por conta dos petistas que compunham a mesa de honra. Foi um evento onde eles afogaram as mágoas, desabafaram contra todos que apoiaram o impeachment de Dilma e que perseguem Lula. Ninguém escapou da língua afiada. Se a militância chamou Ciro de traidor, os líderes petistas também chamaram, a única diferença é que eles abriram mão de pronunciar o termo.

Portanto, seria totalmente desarrazoável Ciro Nogueira aparecer por lá. Os discursos ali entoados combatiam exatamente políticos como ele, que se elegeu com a ajuda do PT, que depois apoiou o impeachment de Dilma e que hoje é um dos mais expressivos apoiadores do governo que todos os petistas chamam de golpista. Se chamar Ciro para a mesa de honra foi uma loucura, mais loucura seria ele botar os pés num evento como aquele.